COMPLEXIDADE DO ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO: O AGROHIDRONEGÓCIO E AS (RE)EXISTÊNCIAS DOS POVOS CERRADEIROS
Resumo
O artigo pretende compreender a incorporação dos territórios cerradeiros a economia mundializada, analisando as transformações espaciais ocorridas nas últimas décadas. As áreas de Cerrado apropriadas pelo capital agroindustrial e financeiro, a partir da modernização do capital assegurou novos conteúdos na relação campo-cidade, destacando-se a mobilidade do capital e do trabalho e as novas configurações espaciais das pequenas e médias cidades, bem como, um novo (re)ordenamento do território. O cultivo de soja e, mais recentemente, da canade- açúcar são exemplos que expressam o movimento do capital a partir da modernização conservadora da agricultura, possibilitando uma reflexão sobre a complexidade da questão agrária no Brasil. As áreas de Cerrado vivenciam uma acelerada territorialização dos complexos agroindustriais e financeiros, inicialmente com o complexo grãos-carne e nos últimos anos com o setor sucroalcooleiro, combinados com a construção de dezenas de empreendimentos barrageiros. Aqui, são apresentadas algumas indagações sobre os impactos sociais e ambientais dessas atividades compreendidas no espectro do agrohidronegócio e, algumas considerações, já podem ser mencionadas: a cana-de-açúcar está ocupando áreas férteis e que produzem grãos; e os empreendimentos barrageiros inundam milhares de hectares de terras produtivas, predominantemente ocupada por camponeses, diferentemente do que dizem os apologetas do agrohidronegócio, firmados no discurso do progresso. Essas ações empreendidas ocasionam a desterritorialização de milhares de famílias camponesas, a redução na produção de alimentos, a precarização do trabalho e a destruição ambiental. Como contraponto ao modelo implantado, os Povos Cerradeiros constroem suas (Re)Existências, centradas na luta pela terra e pela reforma agrária e apontamas atividades agroecológicas enquanto contraponto à destruição ambiental e aosproblemas sociais decorrentes da adoção pelo capital de práticas (in)sustentáveis.
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