COMPLEXIDADE DO ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO: O AGROHIDRONEGÓCIO E AS (RE)EXISTÊNCIAS DOS POVOS CERRADEIROS

Autores

  • MARCELO RODRIGUES MENDONÇA

Resumo

O artigo pretende compreender a incorporação dos territórios cerradeiros a economia mundializada, analisando as transformações espaciais ocorridas nas últimas décadas. As áreas de Cerrado apropriadas pelo capital agroindustrial e financeiro, a partir da modernização do capital assegurou novos conteúdos na relação campo-cidade, destacando-se a mobilidade do capital e do trabalho e as novas configurações espaciais das pequenas e médias cidades, bem como, um novo (re)ordenamento do território. O cultivo de soja e, mais recentemente, da canade- açúcar são exemplos que expressam o movimento do capital a partir da modernização conservadora da agricultura, possibilitando uma reflexão sobre a complexidade da questão agrária no Brasil. As áreas de Cerrado vivenciam uma acelerada territorialização dos complexos agroindustriais e financeiros,  inicialmente com o complexo grãos-carne e nos últimos anos com o setor sucroalcooleiro, combinados com a construção de dezenas de empreendimentos barrageiros. Aqui, são apresentadas algumas indagações sobre os impactos sociais e ambientais dessas atividades compreendidas no espectro do agrohidronegócio e, algumas considerações, já podem ser mencionadas: a cana-de-açúcar está ocupando áreas férteis e que produzem grãos; e os empreendimentos barrageiros inundam milhares de hectares de terras produtivas, predominantemente ocupada por camponeses, diferentemente do que dizem os apologetas do agrohidronegócio, firmados no discurso do progresso. Essas ações empreendidas ocasionam a desterritorialização de milhares de famílias camponesas, a redução na produção de alimentos, a precarização do trabalho e a destruição ambiental. Como contraponto ao modelo implantado, os Povos Cerradeiros constroem suas  (Re)Existências, centradas na luta pela terra e pela reforma agrária e apontamas atividades agroecológicas enquanto contraponto à destruição ambiental e aosproblemas sociais decorrentes da adoção pelo capital de práticas (in)sustentáveis.

Biografia do Autor

MARCELO RODRIGUES MENDONÇA

Atualmente é professor Adjunto IV dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Geografia e Ciências Ambientais da Universidade Federal de Goiás. Bolsista/CNPq/Produtividade em Pesquisa 2. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Regional, Geografia do Trabalho, Geografia Agrária e Planejamento Urbano e Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, políticas públicas, Cerrado e Povos Cerradeiros, luta pela terra, pela água e pela reforma agrária, produção camponesa, agrohidronegócio, modernização do território, agroecologia, movimentos sociais e saberes/fazeres locais. Membro do Conselho Editorial de diversas revistas nacionais e estrangeiras. Foi Secretário da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE) de 2009 a 2011. Foi Presidente da AGB/Seção Catalão (2003-2005). É Membro Fundador e Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais GETeM/UFG. Membro do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho CEGeT/UNESP. Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisa das Dinâmicas Territoriais LABOTER/IESA/UFG. É Membro do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar da UFG. Foi Coordenador do Programa de Pós-graduação Mestrado em Geografia da UFG/Campus Catalão (2008 a 2010). É Coordenador da Rede Goiana de Pesquisa em Agroecologia (FAPEG). Desenvolve projetos de pesquisa e extensão e cultura, assessora movimentos sociais, instituições públicas, organizações não governamentais, Ministério Público etc., sobre os efeitos socioambientais de empreendimentos e as mudanças espaciais no Brasil e em áreas de Cerrado. A partir de janeiro de 2013 é Secretário Municipal de Meio Ambiente em Catalão/GO.

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Publicado

2015-08-13

Como Citar

RODRIGUES MENDONÇA, M. COMPLEXIDADE DO ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO: O AGROHIDRONEGÓCIO E AS (RE)EXISTÊNCIAS DOS POVOS CERRADEIROS. Terra Livre, [S. l.], v. 1, n. 34, 2015. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/318. Acesso em: 28 mar. 2024.

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