Auras e atmosferas afetivas como desdobramentos das paisagens

espacialidades de emanações sensoriais intercorporificadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62516/terra_livre.2023.3445

Palavras-chave:

afeto, atmosfera, aura, paisagem, geografias mais-que-representacionais

Resumo

A paisagem, enquanto categoria de análise da geografia, possui diversas compreensões. Caminhando pela via das geografias culturais, o presente ensaio intenta compreender a paisagem por meio da aura, um dos principais conceitos de Walter Benjamin, e das atmosferas afetivas, amplamente discutidas nas teorias mais-que-representacionais anglófonas. Para tal, realizamos uma busca teórico-conceitual para tecer análises sobre a paisagem dentro dos conceitos adotados. Entende-se que o entrelace de auras dos sujeitos e objetos constroem a paisagem de maneira a construir atmosferas afetivas, as quais conectam diferentes relações espaço-temporais que reúnem corpos, emoções, sentidos e percepções. Nesse sentido, a paisagem formada por percepções intercorporificadas deve ser compreendida não apenas em sua concretude no material ou na subjetividade imaginativa, mas no emaranhado de significados que são provocados pelas suas conexões.

Biografia do Autor

Jéssica Soares de Freitas, Universidade Federal de Goiás

Doutoranda em Geografia pelo Programa de pós de Geografia da Universidade Federal de Goiás

Carlos Roberto Bernardes de Souza Jr, Universidade Estadual de Maringá

Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (2015/2016), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (2017) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (2022), com período sanduíche na Université de Paris VII - Diderot. Atualmente é professor colaborador da Universidade Estadual de Maringá, professor formador da Universidade Estadual do Maranhão e geógrafo voluntário na Casa das Bem Aventuranças. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: geografias culturais; epistemologia e filosofia da geografia; ecofenomenologia; geografias mais-que-humanas; e geografias criativas.

Referências

AKIMUTU, T. What is Aura? A Study on Walter Benjamin’s Philosophy. Amazon Kindle, 2019. E-book, 9 p. ASIN B0838HGPW5. Mobi.

ANDERSON, B. Affective atmospheres. Emotion, space and society, v.2, p.77-81, 2009. DOI: https://doi.org/10.1016/j.emospa.2009.08.005

ANDERSON, B. Encountering Affect: capacities, apparatuses, conditions. London: Ashgate, 2014.

ANDERSON, B.; ASH, J. Atmospheric methods. In: VANNINI, P. (Org.) Non-representational methodologies: re-envisioning research. New York and London: Routledge, 2015, p.34-51.

ASH, J. Rethinking affective atmospheres: Technology, perturbation and space times of the non-human. Geoforum, v.49, p.20-28, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2013.05.006

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre-RS: L&PM, 2017.

BENJAMIN, W. On Hashish. Cambridge & London: The Belknap press of Harvard University Press, 2006.

BENJAMIN, W. Parque Central. In.: Obras escolhidas Volume III – Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 151-181.

BENJAMIN, W. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

BENJAMIN, W. Pequena história da fotografia. In.: BENJAMIN, W. Volume I - Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 81-107.

BENJAMIN, W. Sobre alguns temas em Baudelaire. In.: Obras escolhidas Volume III – Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 103-150).

BERQUE, A. Écoumène: Introduction à l’étude des milieux humains. Belin : Paris, 2000.

BERQUE, A. Histoire de l’habitat idéal : de l’Orient vers l’Occident. Paris : le félin, 2016.

BÖHME, G. Atmosphere as an aesthetic concept. In: THIBAUD, J. P. (Org.) The aesthetics of atmospheres. London: Routledge, 2017, p.25-27.

BÖHME, G. Atmosphere as the fundamental concept of a new aesthetics. Thesis Eleven, v.36, p.113-126, 1993. DOI: https://doi.org/10.1177/072551369303600107

BOON, M. Walter Benjamin and Drug Literature. In.: BENJAMIN, W. On Hashish. Cambridge & London: The Belknap press of Harvard University Press, 2006, p. 1-16.

CANTINHO, M. J. O voo suspenso do tempo: estudo sobre o conceito de imagem dialéctica na obra de Walter Benjamin. Imagem e Pensamento. pp 305-318.

DAMIÃO, C. M. Sonho, estetização e política em Walter Benjamin. Valise, v. 6, n. 12, pp. 129-144, 2016.

DARDEL, E. O Homem e a Terra. São Paulo: Perspectiva, 2011.

FERRAZ, C. B. O; NUNES, F. G. O horizonte não é linear: paisagem e espaço na Perspectiva Audiovisual Linear de Anton Corbijn. Ateliê Geográfico. v. 8, n. 1, p. 166-180, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/ag.v8i1.28153

GREGORY, T. Reading Pornhub’s authentication system and deleted archive through Walter Benjamin’s aura. Porn Studies, 2024, p. 1-18. DOI: https://doi.org/10.1080/23268743.2023.2278766

HANSEN, M. B. Benjamin’s Aura. Critical Inquiry, v. 34, n. 2, 2008, p. 336-375. DOI: https://doi.org/10.1086/529060

INGOLD, T. The temporality of the landscape. World Archaeology. London: Routledge, v. 25, n. 2 1993, pp. 152-174. DOI: https://doi.org/10.1080/00438243.1993.9980235

LUGINBÜHL, Y. Landscape iconography and perception. The international encyclopedia of Geography. 2017, p. 1-8. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118786352.wbieg0551

MASON, O.; RIDING, J. Reimagining landscape: Materiality, decoloniality, and creativity. Progress in human geography, v.47, n.6, p.1-21, 2023. DOI: https://doi.org/10.1177/03091325231205093

MCCORMACK, D. P. Atmospheric things: on the allure of elemental envelopment. Durham and London: Duke University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822371731

MICHELS, C. Researching affective atmospheres. Geographica Helvetica, v.70, p.255-263, 2015. DOI: https://doi.org/10.5194/gh-70-255-2015

NOMEIKAITE, L. Street art, heritage and affective atmospheres. Cultural Geographies, v.30, n.4, p.596-588, 2023. DOI: https://doi.org/10.1177/14744740231161556

ROSE, M.; WYLIE, J. Animating landscape. Environment and Planning D: Society and Space, 2006, v. 24, pp. 475-479 DOI: https://doi.org/10.1068/d2404ed

SCHIER, R. A. Trajetórias do conceito de paisagem na geografia. Ra’ega’. N. 7, 2003, pp. 79-85. DOI: https://doi.org/10.5380/raega.v7i0.3353

SCHILITTE, A. Lines made by walking – On the aesthetic experience of landscape. Continental Philosophy Review, v.55, p.503-518, 2022. DOI: https://doi.org/10.1007/s11007-022-09572-1

SERPA, A. Paisagem, lugar e região: perspectivas teórico-metodológicas para uma geografia humana dos espaços vividos. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo, n. 33, 2013. pp. 168-185. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2013.74309

SILVA, L. L. S. A excepcionalidade da paisagem e do lugar: a transcendência da (i)materialidade por meio da mediação de subjetividades. Belo Horizonte: Letramento, 2023.

SILVA, L. O. S.; COSTA, A. Teorias não-representacionais e Geografia: reflexões e perspectivas. Geograficidade, v.12, n.2, p.23-42, 2022.

SILVA, M. A. S.; ARRUDA, C. Movimento como convite para fazer geografias: corpo, espaço e emoções. Geografares, v.32, p.1-17, 2021. DOI: https://doi.org/10.47456/geo.v1i32.35557

THRIFT, N. Non-representational Theory: space, politics, affect. New York: Routledge, 2008. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203946565

TRIGG, D. The role of atmosphere in shared emotion. Emotion, Space and Society, v. 35, p.1-7, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.emospa.2020.100658

VANNINI, P. Non-representational research methodologies: an introduction In: VANNINI, P. (Org.) Non-representational methodologies: re-envisioning research. New York and London: Routledge, 2015, p.1-18. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315883540

WILIE, J. Landscape. New York: Routledge, 2007.

WYLIE, J. A landscape cannot be a homeland. Landscape Research. London: Routledge, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/01426397.2016.1156067

Downloads

Publicado

2024-06-14

Como Citar

FREITAS, J. S. de; BERNARDES DE SOUZA JR, C. R. Auras e atmosferas afetivas como desdobramentos das paisagens: espacialidades de emanações sensoriais intercorporificadas. Terra Livre, [S. l.], v. 2, n. 61, p. 386–417, 2024. DOI: 10.62516/terra_livre.2023.3445. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/3445. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)