PARQUES LINEARES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

UM FIO DE CONTINUIDADE ENTRE HIGIENISMO E AMBIENTALISMO?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62516/terra_livre.2025.3814

Palavras-chave:

Higienismo, Ambientalismo, Parque linear, Remoções, Urbanismo

Resumo

Este artigo analisa a política de parques lineares em São Paulo à luz da hipótese de continuidade entre higienismo e ambientalismo enquanto filosofias do urbano. Argumenta-se que, embora sob discursos distintos, ambas operam a partir de uma lógica de disciplinamento dos corpos e reconfiguração espacial que afeta majoritariamente a população trabalhadora mais vulnerável. A partir da análise de documentos, dados empíricos e bibliografia especializada, o texto mostra como a remoção de moradias precárias para implantação de áreas verdes reproduz mecanismos históricos de exclusão urbana, agora legitimados por um discurso de sustentabilidade. Ao invés de garantir justiça socioambiental, essa política frequentemente contribui para novas formas de espoliação, colocando em xeque os objetivos ambientais do e reproduzindo antigas práticas de higienistas na metrópole paulistana em pleno século XXI.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVAREZ, I. A. P. A segregação como conteúdo da produção do espaço urbano. In: VASCONCELOS, P. A.; CÔRREA, R. L.; PINTAUDI, S. M. (org.). A cidade contemporânea: segregação espacial. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2013. p. 111-126.

BRAZILIAN JOURNAL OF PSYCHIATRY. Internações psiquiátricas involuntárias em São Paulo: 2003-2019. São Paulo, [2023]. Disponível em: https://www.bjp.org.br/details/2231/en-US#references. Acesso em: 2 maio 2024.

CARLOS, A. F. A. A reprodução da cidade como negócio. In: CARLOS, A. F. A.; CARRERAS, C. (org.). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2004. p. 29-37.

CROCHIK, M. M. Gentrificação verde: o urbanismo sustentável como instrumento da reestruturação imobiliária de Perus – São Paulo. 2018. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

DAMIANI, A. L. Espaço e geografia: observações de método – elementos da obra de Henri Lefebvre e a geografia; ensaio sobre geografia urbana a partir da metrópole de São Paulo. Tese (Livre-docência) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

DAMIANI, A. L. Urbanização crítica e situação geográfica. In: CARLOS, A. F. A.; OLIVEIRA, A. U. (org.). Geografias de São Paulo: representação e crise da metrópole. São Paulo: Contexto, 2010. p. 19-54.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

DEBORD, G. O planeta doente. 2015. Disponível em: https://arlindenor.com/2015/04/24/o-planeta-doente-2/. Acesso em: 11 out. 2017.

ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2010.

FARIAS FILHO, J. A.; ALVIM, A. T. B. Higienismo e forma urbana: uma biopolítica do território em evolução. Urbe Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 14, e20220050, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/urbe/a/qhV5y3yN3m5cYXHXdMmmTKw/. Acesso em: 11 abr. 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/2175-3369.014.e20220050

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário brasileiro de segurança pública 2023. São Paulo: FBSP, 2023.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

KURZ, R. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

LABCIDADE. Remoções na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: FAU/USP, 2023. Disponível em: https://www.labcidade.fau.usp.br/remocoes-na-regiao-metropolitana-de-sao-paulo/. Acesso em: 1 jun. 2024.

MARX, K. O capital. Livro III. São Paulo: Boitempo, 2017.

MIGLIACCI, M. C. W. R. Os parques lineares na dinâmica da produção do espaço urbano na periferia: o caso do Parque Linear do Córrego do Rio Verde em Itaquera – São Paulo. 2016. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

PEREIRA, P. C. X. A reestruturação imobiliária em São Paulo como chave para o desvendamento da metrópole atual. In: CARLOS, A. F. A.; OLIVEIRA, A. U. (org.). Geografias das metrópoles. São Paulo: Contexto, 2006. p. 219-230.

RIBEIRO, M. A. R. História sem fim... São Paulo: Ed. UNESP, 1993.

RIZZI, C. A. O uso dos fundos de consumo: a dinâmica da expansão metropolitana da cidade de São Paulo. 2011. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

RODRIGUES, A. M. Problemática ambiental = agenda política: espaço, território, classes sociais. Boletim Paulista de Geografia, n. 83, p. 91-110, dez. 2005.

ROLNIK, R. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP, 1997.

ROLNIK, R.; LEITÃO, K.; COMARU, F.; LINS, R. (org.). Observatório de remoções 2015–2017: relatório final de projeto. São Paulo: Observatório de Remoções, 2017. DOI: https://doi.org/10.11606/9788580891072

SAFRANSKY, S. Greening the urban frontier: race, property, and resettlement in Detroit. Geoforum, v. 56, p. 237-248, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2014.06.003

SANDEVILLE JR., E.; ANGILELI, C. M. M. Quando a casa vira parque. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 15., 2013, Recife. Anais.... Recife: ANPUR, 2013. Disponível em: https://nep.arq.br/2018/03/08/1213/. Acesso em: 2 jun. 2018.

SANTOS, C. J. F. Várzea do Carmo: lavadeiras, caipiras e ‘pretos véios’. Memória Energia, v. 1, n. 28, 2001. Disponível em: http://www.energiaesaneamento.org.br/media/28677/santos_carlos_jose_ferreira_varzea_do_carmo_lavadeiras_caipiras_e_pretos_veios.pdf. Acesso em: 10 out. 2017.

SÃO PAULO (Município). Lei nº 13.430, de 13 de setembro de 2002. Dispõe sobre o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo. Diário Oficial do Município de São Paulo, 13 set. 2002.

SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Habitação. Banco de dados de favelas, núcleos urbanizados, loteamentos e cortiços. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.habisp.inf.br/habitacao/. Acesso em: jun. 2009.

SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Habitação. Banco de dados de favelas, núcleos urbanizados, loteamentos e cortiços. São Paulo, 2018. Disponível em: http://www.habitasampa.inf.br/habitacao/. Acesso em: 13 out. 2018.

SÃO PAULO (Município). Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014. Aprova a política de desenvolvimento urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo. Diário Oficial do Município de São Paulo, 31 jul. 2014.

SCIFONI, S. A construção do patrimônio natural. São Paulo: FFLCH, 2008.

SEABRA, O. C. L. Higienismo e ambientalismo: filosofias do urbano. Relatório CNPq, Processo nº 311112/2009-9. [S. l.]: 2013. Não publicado.

TRAVASSOS, L. Revelando os rios: novos paradigmas para a intervenção em fundos de vale urbanos na cidade de São Paulo. 2010. Tese (Doutorado em Ciência Ambiental) – PROCAM, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

TOMÁS, E. O Tietê, o higienismo e as transformações na cidade de São Paulo (1890–1930). 1996. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1996.

TORRES, M. O bairro do Brás. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico, 1969. (Série História dos Bairros de São Paulo, 250 p.).

Downloads

Publicado

2025-09-15

Como Citar

MARQUES CROCHIK, Miguel. PARQUES LINEARES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UM FIO DE CONTINUIDADE ENTRE HIGIENISMO E AMBIENTALISMO?. Terra Livre, [S. l.], v. 1, n. 64, p. 578–618, 2025. DOI: 10.62516/terra_livre.2025.3814. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/3814. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos