A PERSPETIVA DO GÊNERO NA MUDANÇA CLIMÁTICA

MARCOS PARA O DEBATE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62516/terra_livre.2025.3825

Palavras-chave:

Ecologia Política, Gênero, Ecofeminismo, mudanças climáticas, Meio ambiente

Resumo

A intersecção entre gênero e meio ambiente constitui um campo intelectual que entrelaça os processos simultâneos de produção da natureza e de produção dos sujeitos, prestando especial atenção à forma como estes sujeitos e a sua relação com o meio são mediados por processos de diferenciação e dominação baseados no gênero e no poder. Frente aos sentidos impactos dos desastres ambientais provocados pela mudança climática e que viralizam nas manchetes, mas sem um olhar crítico, esta reflexão faz um balanço da literatura que aborda gênero e meio ambiente. O objetivo é oferecer uma genealogia teórica a respeito dos papéis de gênero nas articulações entre o político e o ambiental, integrando um olhar interseccional sobre os efeitos das mudanças climáticas e na construção de políticas públicas para sua mitigação.

 

 

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luz Stella Rodríguez Cáceres, Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos

Luz Stella Rodríguez Cáceres é natural da Colômbia e nacionalizada brasileira. É antropóloga pela Universidade Nacional da Colômbia, doutora e mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente pesquisa imaginários sócio espaciais do Sertão Carioca e as políticas públicas para mitigar impactos ambientais nessa região. Atua nas áreas de Espaço/Lugar, Memória e Patrimônio, Paisagens e Territórios das Populações Quilombolas no Brasil, Natureza e Sociedade, Antropologia do Espaço e da Paisagem

Referências

ACSERALD, Henri. Justiça ambiental ação coletiva e estratégias argumentativas, in Henri Acserald, José Augusto Pádua e Selene Herculano, (orgs.), Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2004

ACSERALD, Henri. Ambientalização das lutas sociais – o caso do movimento por justiça ambiental Estudos Avançados 24 (68), 2010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142010000100010

AGARWAL, Bina. El género y el debate medioambiental: lecciones desde India, in AGRA, María Xosé (comp.) Ecología y Feminismo. Granada: Ediciones Comares, 1997 [1992].

BANIWA, BRAULINA. Mulheres e território: reflexão sobre o que afeta a vida das mulheres indígenas quando os direitos territoriais são ameaçados. Vukápanavo: Revista Terena, Campo Grande, v. 1, n. 1, p. 165-170, 2018.

BAKKER, Karen. Katrina: the public transcript of ‘disaster. Environment and Planning D: Society and Space 23, 2005, p. 795-802 DOI: https://doi.org/10.1068/d2306ed

BELMONT, Mariana. Racismo Ambiental e Emergências climáticas no Brasil, organizada por (2023) São Paulo: Instituto Clima e Sociedade e Climate and Land Use Alliance – CLUA, Instituto de Referência Negra Peregum, 2023

BLAIKIE, Piers; BROOKFIELD, Harold. Land Degradation and Society. Londres, New York: Meuthen, 1987

BUARQUE DE HOLLANDA, Heloisa. Presentação in Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020

BRÚ, Josepa. Spanish women against industrial waste. in ROCHELEAU, Dianne et al. (eds.) Feminist Political Ecology: Global Issues and Local Experiences. Nueva York: Routledge, 1996

CABNAL, Lorena. El relato de las violencias desde mi territorio cuerpo-tierra In: SOLANO, Xochitl Leyva; ICAZA, Rosalba (coord.). En tiempos de muerte: Cuerpos, rebeldías, resistencias. Tomo IV. Chiapas, Buenos Aires: La Haya: Cooperativa Editorial Retos: CLACSO, Institute of Social Studies, Erasmus University Rotterdam, 2019. p. 113-126

CRUZ HERNÁNDEZ Delmy Tania. Revisitando la Cartografía Cuerpo-Territorio desde la Autoetnografía Feminista. Política & Trabalho Revista de Ciências Sociais, nº 59, Julho/Dezembro de 2023, p. 64-82 DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.2023v1n59.66769

CRUZ HERNÁNDEZ, Delmy Tania. La salud se camina. En busca de la salud del territorio en contextos de violencia lenta: Insurgencias de mujeres organizadas en la región fronteriza de Chiapas. In: HERNÁNEZ, Ana Luisa Sánches; MARTÍNEZ, Miguel Angel Martínez; ESTRADA, Francisco Díaz (ed.). Gender-based Violence in Mexico: Narratives, the State and Emancipations. Londres: Routledge, 2023. p. 39-55.

COLECTIVO MIRADAS CRITICAS DEL TERRITORIO DESDE EL FEMINISMO Mapeando el cuerpo-territorio. Guía metodológica para mujeres que defienden sus territorios Quito: CLACSO, 2017

DI CHIRO, Giovanna. Living environmentalisms: coalition politics, social reproduction, and environmental justice. Environmental Politics 17(2), 2008, p. 276-298 DOI: https://doi.org/10.1080/09644010801936230

BOMBARDI, Larissa Mies. Agrotóxicos e colonialismo químico. São Paulo: Editora Elefante, 2023.

CRESHAW Kimberlé. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence Against Women of Color, in FINEMAN Martha Albertson, MYKITIUK Rixanne (eds.) The Public Nature of Private Violence. New York: Routledge, 1994, p. 93-118.

DAVIS, Angela. Racismo, controle de natalidade e direitos reprodutivos. In: DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 205-223.

DAVIS, Mike. Los holocaustos de la era victoriana tardía: Las hambrunas de El Niño y la formación del Tercer Mundo. Valencia: Universitat de Valencia, 2006 [1991]

D’EAUBONNE, Françoise. Le féminisme ou la mort. Paris: Pierre Horay, 1974.

DESCOLA, Philippe & PALSSON, Gísli. Naturaleza y sociedad. Perspectivas antropológicas. México: Siglo Veintiuno, 2001.

ESCOBAR, Arturo. ¿Cómo pensar la relación entre el ser humano y la naturaleza?’ En ESCOBAR, Arturo. Más allá del Tercer Mundo: Globalización y diferencia. Bogotá, Popayán: ICANH-Universidad del Cauca, 2005

GALLINI, Stefania. Problemas de métodos en la historia ambiental de América Latina. Anuário IHES 19, 2004, p. 147-171.

GINSBURG, F.; RAPP, R. The politics of reproduction. Annual Review of Anthropology, [s. l.], v. 20, p. 311-343, 1991. DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.an.20.100191.001523

GINSBURG, F.; RAPP, R. Conceiving the New World Order: the global politics of reproduction. Berkeley: University of California Press, 1995. DOI: https://doi.org/10.1525/9780520915442

FEDERICI Silvia. Beyond the Periphery of the Skin: Rethinking, Remaking, and Reclaiming the Body in Contemporary Capitalism. Oakland: PM Press, 2020

HARAWAY, Donna. Manifiesto Ciborg: El sueño irónico de un lenguaje común para las mujeres en el circuito integrado 1984. Disponível online: www.lkstro.com/docu/manifiesto_ ciborg.pdf.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial Cadernos Pagu (5) 1995: pp. 07-41.

HARTMANN, Betsy. Reproductive Rights and Wrongs: The global politics of population control and contraceptive choice. Nueva York: Harper and Row, 1987

HARCOURT, Wendy. Body Politics in Development: Critical Debates in Gender and Development. Londres: Zed Books, 2009 DOI: https://doi.org/10.5040/9781350218710

HARDING, Sandra. From the Woman Question in Science to the Science Question in Feminism. The Science Question in Feminism. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1987

HARVEY, David. Populations, Resources and the Ideology of Science. Economic Geography 50 (3), 1974, p. 256-277 DOI: https://doi.org/10.2307/142863

HUBER, Matt. Gusher in the Gulf and the Despotism of Capital. Antipode 43(2), 2011, p. 195-198 DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8330.2010.00806.x

INGOLD, Tim. The Perception of the Environment: Essays on livelihood, dwelling and skill. London, New York: Routledge, 2000.

KATZ, Cindi. Bad elements: Katrina and the scoured landscape of social reproduction. Gender, Place and Culture 15(1), 2008, p. 15-29. DOI: https://doi.org/10.1080/09663690701817485

KRENAK, A. A Vida Não é Útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

KERGOAT Daniele, Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: EMÍLIO, Marli et al. (Org.).Trabalho e Cidadania Ativa para as mulheres. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, 2003. p.55-63. Coleção Caderno da Coordenadoria Especial da Mulher, n.3D.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: Ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994, 152 p.

LANGSTON, Nancy. Toxic Bodies: Hormone Disruptors and the Legacy of DES. New Haven: Yale University Press, 2010

LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidad, racionalidad, complejidad, poder. México: Siglo XXI, PNUMA, 1998

MERCHANT, Carolyn. The Death of Nature. Women, Ecology and the Scientific Revolution. New York: Harper Collins, 1980

MERCHANT, Carolyn. ‘Gender and Environmental History’. Journal of American History 76, 1990, p. 1117-1121. DOI: https://doi.org/10.2307/2936589

MENDOÇA Pedro, SILVA Fernanda BRITT, Gisele, Racismo ambiental e risco: um olhar sobre a produção de áreas de exclusividade brancas in BELMONT Mariana (org) Racismo Ambiental e Emergências climáticas no Brasil, organizada por (2023) São Paulo: Instituto Clima e Sociedade e Climate and Land Use Alliance – CLUA, Instituto de Referência Negra Peregum, 2023

MIES, Maria e SHIVA, Vandana. Ecofeminismo. Tradução Fernando Dias Antunes. Lisboa: Instituto Piaget, 1993. Coleção Epistemologia e Sociedade

MORGAN, L. M.; ROBERTS, E. F. S. Reproductive governance in Latin America. Anthropology & Medicine, [s. l.], v. 19, n. 2, p. 241-254, 2012. DOI: https://doi.org/10.1080/13648470.2012.675046

MULLINGS, Beverley; WERNER, Marion; PEAKE, Linda. Fear and Loathing in Haiti: Race and Politics of Humanitarian Dispossession. Acme 19, 2010, p. 282-300.

PLUMWOOD, Val. Feminism and the Mastery of Nature. Londres: Routledge, 1993.

PULIDO, Laura.‘Rethinking Environmental Racism: White Privilege and Urban Development in Southern California. Annals of the Association of American Geographers 90(1), 2000, p. 12-40. DOI: https://doi.org/10.1111/0004-5608.00182

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. ‘La noción de “derecho” o las paradojas de la modernidad postcolonial: indígenas y mujeres en Bolivia’. Aportes Andinos 20, 2004 [1997], s.p.

ROCHELEAU, Dianne. Ecología Política Feminista: Poder en redes y poderes enredados. En POATS, Susan et al. (eds.) Tejiendo redes entre género y ambiente en los Andes. Quito: Corporación Grupo Randi Randi, Ediciones Abya-Yala, 2007

ROCHELEAU, Dianne et al. (eds.) Feminist Political Ecology: Global Issues and Local Experiences. Nueva York: Routledge, 1996

SCOTT, J. (1988). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 16, n. 2, pp. 5-22.

SIDAWAY, James. ‘The dissemination of banal geopolitics: webs of extremism and insecurity’. Antipode 40 (1), 2008, p. 2-8 DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8330.2008.00568.x

SHIVA, Vandana. Abrazar la vida: mujer, ecología y desarrollo. Madrid: Editorial Horas y Horas, 1995 [1988];

SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003. 240 p.

SMITH, Neil. There is no such thing as a natural disaster. Understanding Katrina: Perspectives from the Social Sciences. [S.l.: s.n.], 2006. Disponível em https://items.ssrc.org/understanding-katrina/theres-no-such-thing-as-a-natural-disaster/

SVAMPA Maristella, Extrativismo neodesenvolvimentista e movimentos sociais: Um giro ecoterritorial rumo a novas alternativas? In LANG, Miriam (org) Descolonizar o imaginário. Debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento Editora Elefante: 2016

TURQUET Laura, TABBUSH Constanza, STAAB Silke, WILLIAMS Loui, Feminist Climate Justice: A Framework for Action. Conceptual framework prepared for Progress of the World’s Women series. New York: UN-Women 2023.

ULLOA, Astrid. Feminismos territoriales en América Latina: defensas de la vida frente a los extractivismos. Nómadas, Universidad Central, v. 45, p. 123-139, 2016. DOI: https://doi.org/10.30578/nomadas.n45a8

WATTS, Michael. Hazards and Crisis: A Political Economy of Drought and Famine in Northern Nigeria. Antipode 15 (1), 1983, p. 24-34. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8330.1983.tb00320.x

ZHOURI, Andréa. Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce. Revista Pós Ciências Sociais, v. 16, n. 32, p. 51–68, 12 Jan 2020 DOI: https://doi.org/10.18764/2236-9473.v16n32p51-68

ZHOURI, Andréa. Crise como criticidade e cronicidade: a recorrência dos desastres da mineração em Minas Gerais Horiz. antropol., Porto Alegre, ano 29, n. 66, e660601, maio/ago. 2023 DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9983e660601

Downloads

Publicado

2025-09-15

Como Citar

RODRÍGUEZ CÁCERES, Luz Stella. A PERSPETIVA DO GÊNERO NA MUDANÇA CLIMÁTICA : MARCOS PARA O DEBATE. Terra Livre, [S. l.], v. 1, n. 64, p. 203–237, 2025. DOI: 10.62516/terra_livre.2025.3825. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/3825. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos