PARQUES LINEARES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
UM FIO DE CONTINUIDADE ENTRE HIGIENISMO E AMBIENTALISMO?
DOI:
https://doi.org/10.62516/terra_livre.2025.3814Palavras-chave:
Higienismo, Ambientalismo, Parque linear, Remoções, UrbanismoResumo
Este artigo analisa a política de parques lineares em São Paulo à luz da hipótese de continuidade entre higienismo e ambientalismo enquanto filosofias do urbano. Argumenta-se que, embora sob discursos distintos, ambas operam a partir de uma lógica de disciplinamento dos corpos e reconfiguração espacial que afeta majoritariamente a população trabalhadora mais vulnerável. A partir da análise de documentos, dados empíricos e bibliografia especializada, o texto mostra como a remoção de moradias precárias para implantação de áreas verdes reproduz mecanismos históricos de exclusão urbana, agora legitimados por um discurso de sustentabilidade. Ao invés de garantir justiça socioambiental, essa política frequentemente contribui para novas formas de espoliação, colocando em xeque os objetivos ambientais do e reproduzindo antigas práticas de higienistas na metrópole paulistana em pleno século XXI.
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