Um lugar para a Geografia: contra as bases do ensino e da (de)formação docente
DOI:
https://doi.org/10.62516/terra_livre.2021.2211Palavras-chave:
Geografia; Ensino; Currículo; Formação; Cidadania.Resumo
O trabalho apresenta um panorama geral acerca da relevância da Geografia no contexto da ameaça de sua inexistência no âmbito das reformas educacionais dos últimos anos. Aborda aspectos estruturantes que qualificam o seu lugar como disciplina escolar e formação cidadã imprescindível. Envolve como base teórica contribuições de Milton Santos, Yves Lacoste, Pierre Mombeig, Lana Cavalcanti, Paulo Cesar da C. Gomes, dentre outros, fornecendo o referencial teórico da leitura e compreensão da necessidade do pensamento geográfico e da crítica às bases de (de)formação docente em voga no país com suas implicações destrutivas no campo da Geografia. Dentre os resultados, procura despertar para a necessidade do pensamento crítico, radical e contextualizante acerca das mudanças educacionais em voga com essas reformas, que, revestidas de terminologias inovadoras configuram-se de antigas pretensões em cuja gênese está o descentramento e a desconstrução de uma formação crítica, alinhadas às atuais mudanças no mundo do trabalho, ameaçando o futuro da Disciplina e Ciência Geográfica.
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