Enquanto a terra não for livre, eu também não sou

o jarê da Chapada Diamantina (BA) como resgate da memória em Torto Arado

Autores

  • Maria Eduarda Pires Bastos

DOI:

https://doi.org/10.62516/terra_livre.2021.2288

Palavras-chave:

Consciência pelo lugar, Colonialidade, Racismo, Psicosfera, Reforma agrária

Resumo

O presente trabalho tem a intenção de promover aproximações entre o fazer geográfico e a literatura, se utilizando das fabulações criadas por Itamar Vieira Jr. em Torto Arado. Denuncia, através da análise de construções sociais hierárquicas, as subjetividades do povo brasileiro enquanto imaginário, realidade e moldes de permanências coloniais, que incluem desde a insistente interdição à terra que atravessa séculos até o mito da democracia racial, ocultando a presença e a memória negra da história e da geografia dos lugares, tendo aqui como recorte espacial a efabulação da Chapada Diamantina na Bahia, através das práticas de matriz africana do Jarê. Compreende como base teórica sobretudo contribuições do professor Milton Santos e da intelectual Lelia Gonzalez ao pensarem a consciência e memória herdadas por um povo migrante e diaspórico, e a afrocentricidade de Molefi Asante como fazer metodológico.

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Referências

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Publicado

2022-09-14

Como Citar

PIRES BASTOS, M. E. Enquanto a terra não for livre, eu também não sou: o jarê da Chapada Diamantina (BA) como resgate da memória em Torto Arado . Terra Livre, [S. l.], v. 2, n. 57, p. 741–758, 2022. DOI: 10.62516/terra_livre.2021.2288. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/2288. Acesso em: 16 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos