A maldição de Cam: relação "homem-meio" e projeto de nação em Silvio Romero
DOI:
https://doi.org/10.62516/terra_livre.2016.624Resumo
O fim do século XIX e início do séc. XX é um período de transformações profundas na estrutura política e social brasileira. É o momento em que nasce a República e os laços com a metrópole portuguesa são rompidos. Isso conduz o país a um ponto de indefinição no que toca a identidade nacional. É nesse sentido que, tendo como referência justamente as nações europeias – sinônimos de desenvolvimento e civilização, a intelligentsia brasileira se mobiliza para “fazer” o Brasil nesse. Dois problemas aturdiam a intelectualidade brasileira informada pelas teorias europeias: o meio tropical “degenerante” e a composição racial “inferior” da população no Brasil. Uma vez que meio e raça eram os problemas centrais da nacionalidade brasileira, os pensadores foram levados a dialogar e/ou produzir – explicita ou implicitamente – um discurso geográfico. Essas elucubrações tinham como mote a “relação homem-meio”, aspecto fundante da metodologia geográfica de então. Sílvio Romero é um autor central desse debate, pois, refletiu e conformou proposições para equacionar os problemas das “raças inferiores” e dos “trópicos tórridos”. De acordo com o autor, o desenvolvimento da nação brasileira se daria pelo branqueamento da população via miscigenação entre raças e, consequentemente, a criação de brancos adaptados ao meio tropical. Isso se conformou em uma visão biopolítica que afirmava a evolução civilizacional do Brasil mediante a extinção de negros e indígenas.
Palavras-chave: discurso geográfico, meio, raça, nação, Sílvio Romero
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