GEOGRAFIA E GÊNERO
UMA DESOBEDIÊNCIA NO CAMPO GEOGRÁFICO?
DOI:
https://doi.org/10.62516/terra_livre.2024.3666Palavras-chave:
Geografia Feminista, Gênero, Poder, Metodologia QualitativaResumo
A ciência geográfica, enquanto um campo de poder, é produzida por pessoas corporificadas e posicionadas no espaço e no tempo. Pensam, pesquisam, falam, escrevem a partir de um corpo, são possuidoras, portanto, de: raça, gênero, classe social, origem espacial, sexualidade; e todos esses elementos que se interseccionam no espaço e no tempo são neutralizados no fazer científico, tanto dos que pesquisam quanto dos que são pesquisados. Apresentamos neste texto algumas questões que tensionam o fazer científico geográfico androcêntrico que se reproduz sob o discurso da objetividade e neutralidade. Isso invisibiliza processos, fenômenos e sujeitos sociais produtores de espaço, cujas práticas e vivências cotidianas detém a potencialidade de anunciar experiências múltiplas e complexas tendencialmente silenciadas sob a hegemonia das análises econômicas.
Downloads
Referências
ANDERSON, K.; JACK, D. C. Learning to Listen: Interview Techniques and Analyses. In: GLUCK, S. B.; PATAI, D. Women’s words: The Feminist Practice of Oral History. Nova York: Routledge, 1991, p. 11-26.
BAYLINA, Metodología cualitativa y estúdios de geografia y género. Departament de Geografia, Universitat Autònoma de Barcelona, 1997. p. 123-138.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O poder do corpo no espaço público: o urbano como privação e o direito à cidade. IN: GEOUSP, São Paulo, v. 18, n.3, p. 472-486.
CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: Castro-Gómez, S. e Grosfoguel, R. (orgs.) El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
CESAR, Tamires Regina Aguiar de Oliveira. Gênero, poder e produção científica geográfica no Brasil de 1974 a 2013. 2015. Dissertação (Mestrado) –Mestrado em Gestão do Território. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2015.
CESAR, Tamires Regina Aguiar de Oliveira. Gênero, trajetórias acadêmicas de mulheres e homens e a centralidade na produção do conhecimento geográfico brasileiro. 2019. Tese (Doutorado) – Doutorado em Geografia. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2019.
DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018.
FREITAS, Lídia dos Santos Ferreira; GONÇALVES, Eliane. Corpos urbanos: direito à cidade como plataforma feminista. In: Cadernos Pagu. N. 5, 2021.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1984.
HELENE, Diana. Entrevista. In: COSTA, Eduardo (Org.). Perspectivas contemporâneas sobre as cidades brasileiras. São Paulo: Alameda, 2018. p. 79-89.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. In: Cadernos Pagu. N. 5, 1995. p. 7-41.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo, Edições Loyola 1992.
IRIGARAY, Luce. Le sujet de la Science est-il sexué? Hypatia, v. 2, n.3, 1987. p. 65-87.
LEFEBVRE, Henri. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.
LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins (do original: La production de l’espace. 4e éd. Paris: Éditions Anthropos, 2000). Primeira versão: início - fev. 2006.
LIMA. Elias Lopes de. Encruzilhadas geográficas: notas sobre a compreensão do sujeito na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Consequência, 2014.
LINDÓN, Alicia. Corporalidades, emociones y espacialidades: hacia un renovado betweeness. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção. V. 11, n. 33, 2012. p. 698-723.
MASSEY, Doreen. Flexible sexism. Environment and Planning D: Society and Space, v. 9, n. 1, p. 31 – 57, 1991.
MASSEY, Doreen. Um sentido global do lugar. In: ARANTES, Antônio A. (Org.) O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000.
MCDOWELL, Linda; SHARP, Joanne. Space, gender, knowledge: feminist readings. London: Arnold, 1997.
MILANI, Patrícia Helena. Contribuições da epistemologia feminista para as pesquisas geográficas. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros, Seção Três Lagoas, v. 1, n. 34, p. 125-150, 24 dez. 2021.
MILANI, Patrícia Helena; OLIVERI, Melissa Pereira. Eu não encontrei tanta dificuldade, mas eu também sempre tive que ter um passo à frente: Geografias Feministas e a Interseccionalidade de Mulheres. Revista Ensin@ UFMS, v. 3, n. 7, p. 98-117, 20 dez. 2022.
MONGIN, Oliver. La condición urbana: la ciudad a la hora de la mundialización. Buenos Aires: Editorial Paidós. Serie Espacios del Saber, 2006.
NEÜMAN, M. I. N. Construcción de la Categoría "Apropiación Social". In: Quórum Académico, 5(2), 3, 2008.
PILE, S. Introduction: opposition, political identities, and spaces of resistance. In: KEITH, M.; PILE, S. (ed.). Geographies of resistance. London: Routledge, 1997. p. 1-32.
RAMOS, Élvis; MILANI, Patrícia Helena. O corpo fora de lugar: de uma geografia dos indivíduos para uma geografia dos sujeitos. GEOgraphia, 24(52). 2022.
REA, Caterina. Pós-colonialidade,feminismos e epistemologias anti-hegemônicas. In: RODRIGUES, C., ANDRADE, D. S. V.;MANO, M. K, ZUCCO, M. C;Janja ARAÚJO, J. (Org.). Territorialidades: dimensões de gênero, desenvolvimento e empoderamento das mulheres. Salvador. 2018. p. 83-110
RIBEIRO, Renato Janine. Não há pior inimigo do conhecimento do que a terra firme. In: Revista de Sociologia da USP, Universidade de São Paulo. V. 10, n. 2. São Paulo: USP, FFLCH, 1989.SILVA, J. M.; CHIMIN JUNIOR, A. B.; PERACETTA FILHO, E.; ROSSI, R. Geografia e gênero no Brasil: uma análise da feminização do campo científico - DOI 10.5216/ag.v3i2.7333. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 38–62, 2009.
SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Marcio José; CESAR, Tamires Regina Aguiar de Oliveira; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista; PRZYBYSZ, Juliana. O corpo como elemento das geografias feministas e queer: um desafio para análise no Brasil. In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Marcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra, 2013. p. 85-115.
SILVA, Joseli Maria; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista. “Não me chame de senhora, eu sou feminista”! Posicionalidade e reflexibilidade na produção geográfica de Doreen Massey. In: Revista Geographia. V. 19, n.40, 2017. p. 11-20.
SILVA, Joseli Maria; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista; PERACETTA FILHO, Emilson; ROSSI, Rodrigo. Geografia e gênero no Brasil: uma análise da feminização do campo científico. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 38–62, 2009. p. 38-62.
SILVA, Susana V. da. Os estudos de gênero no Brasil: algumas considerações. Revista Bibliográfica de Geografia y Ciencias Sociales, n. 262. Barcelona: 2000.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Da “diferenciação de áreas” à “diferenciação socioespacial”: a “visão (apenas) de sobrevôo” como uma tradição epistemológica e metodológica limitante. IN: Revista Cidades. V. 13, n. 22, 2016. p. 101-114.
SOJA, Edward Willian. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Patrícia Helena Milani

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Esta Revista está licenciado sob uma licença
Os Direitos Autorais dos artigos publicados na Terra Livre pertencem ao(s) seu(s) respectivo(s) autor(es), com os direitos de primeira publicação cedidos à Terra Livre.
Os artigos publicados são de acesso público, de uso gratuito, com atribuição de autoria obrigatória, para aplicações de finalidade educacional e não-comercial, de acordo com o modelo de licenciamento Creative Commons 3.0 adotado pela revista.
A Terra Livre está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
Você é livre para:
- Compartilhar — copie e redistribua o material em qualquer meio ou formato
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material
- O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Nos seguintes termos:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado , fornecer um link para a licença e indicar se as alterações foram feitas . Você pode fazê-lo de qualquer maneira razoável, mas não de qualquer forma que sugira que o licenciante endossa você ou seu uso.
- Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais .
- ShareAlike — Se você remixar, transformar ou construir sobre o material, você deve distribuir suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outras pessoas de fazer qualquer coisa que a licença permita.