Os orçamentos participativos e sua espacialidade: uma agenda de pesquisa

Autores

  • Marcelo Lopes de Souza

DOI:

https://doi.org/10.62516/terra_livre.2000.360

Resumo

Os “orçamentos participativos” são o mais importante exemplo de gestão urbana progressista no Brasil contemporâneo. Eles correspondem a uma participação direta da população na determinação das prioridades referentes ao orçamento municipal, determinação essa que deixa de ser,  assim, um privilégio do Executivo e dos vereadores. O orçamento participativo é uma institucionalidade extremamente interessante, a qual alarga as fronteiras da democracia. No entanto, é preciso considerar diversas questões, com o fito de evitar o otimismo um tanto exagerado que tem caracterizado a maior parte da literatura dedicada ao tema. Embora haja experiências (auto)denominadas de “orçamento participativo” em muitos municípios brasileiros na atualidade, em alguns casos a “participação” da sociedade civil é restrita à feitura de recomendações ou à externalização de desejos, sem que exista a transferência de real poder decisório do Estado para a população. Além disso, o percentual do orçamento total efetivamente posto à disposição da sociedade civil pelo Estado é, muitas vezes, irrisório, sequer compreendendo a totalidade dos investimentos. Outro aspecto é que as limitações e tensões inerentes a essa tentativa de combinar democracia direta e representativa precisam ser mais profundamente focalizadas do que tem sido usual na literatura. Por último, mas não com menor ênfase, a dimensão espacial do fenômeno tem sido bastante negligenciada − e é para essa dimensão, sobretudo, que o autor propõe voltar suas atenções. O artigo contém uma agenda de pesquisa, em cujo contexto se pretende iluminar diversas facetas do fenômeno dos orçamentos participativos que têm sido pouco ou inadequadamente exploradas pela literatura disponível.

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Biografia do Autor

Marcelo Lopes de Souza

Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Publicado

2015-05-24

Como Citar

DE SOUZA, M. L. Os orçamentos participativos e sua espacialidade: uma agenda de pesquisa. Terra Livre, [S. l.], n. 15, p. 39–58, 2015. DOI: 10.62516/terra_livre.2000.360. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/360. Acesso em: 24 dez. 2024.