DESENVOLVIMENTO GEOGRÁFICO DESIGUAL, SAÚDE E CIDADE: NOTAS SOBRE O HIGIENISMO E OS CONFLITOS URBANOS NA CRACOLÂNDIA EM SÃO PAULO

Autores

  • Guilherme Chalo Instituto de Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ)

Resumo

A motivação deste trabalho é questionar se as diferentes concepções e discursos em torno da saúde-doença são acionados na legitimação/deslegitimação das intervenções contemporâneas envolvendo projetos de renovação urbana, sobretudo nas áreas centrais, expressando a disputa em torno padrões de dominação e contestação à lógica de reprodução do capital na cidade. O nosso objetivo é refletir criticamente sobre a relação entre saúde e cidade a partir das intervenções urbanas nas grandes cidades brasileiras, e como diferentes concepções e discursos em torno da saúde-doença funcionam como mecanismo de legitimação de práticas excludentes subordinadas à lógica de produção da cidade capitalista.  Pensando as disputas em torno da região Luz na área central da cidade do São Paulo no século XXI, e como os discursos sobre saúde estão presentes nesse momento legitimando esses modelos de urbanismo, produzindo lógica de legitimação e controle de conflitos.

Biografia do Autor

Guilherme Chalo, Instituto de Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ)

Doutorando e mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ), Especialista em Política e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ). Graduado em Geografia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) (2011-2017) com um período de estudos no curso de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal);Técnico em Vigilância em Saúde pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ) (2008-2010). Foi membro do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância Sanitária (LAVSA/EPSJV) (2011-2016); Atuou na Comissão da Verdade da Reforma Sanitária Abrasco/CEBES (2014-2016). Atualmente Membro do Grupo de Estudos Espaço, Teoria Social e Cidade (UFRRJ) e do Grupo de Estudos do Território e de História Urbana – GESTHU (UFRJ). Possui experiência na interface entre saúde e espaço geográfico, atuando nos seguintes temas determinação social da saúde e da doença, história da saúde/doença, produção da natureza, movimentos sociais, história urbana.

Referências

ABREU, M. Pensando a cidade no Brasil no passado. In: CASTRO, Iná Elias; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (orgs). Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p. 145-184.

ARANTES, O. B. F. Berlim e Barcelona, duas imagens estratégicas. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2013.

BARRETO, Mauricio Lima. Desigualdades em Saúde: uma perspectiva global. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 22, n. 7, p. 2097-2108, July 2017. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017002702097&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 09 Jan. 2018.

BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde. In: FONSECA, Angélica F; CORBO, Anamaria D. (Org.). O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV, 2007.

BOTELHO, M. Cidade do Amanhã: Urbanização simulada e ficcionalização do capital no paraíso tropical. 2015 (MINEO).

CHOAY, F. O urbanismo: utopias e realidades, uma antologia. São Paulo, Editora Perspectiva, 2011.

DOMINGUEZ, B. Limpeza apaga cuidado: violência na remoção de usuários de crack do centro de São Paulo e ameaça de internação compulsória afrontam direitos humanos e saúde da população vulnerável. RADIS. Rio de Janeiro, nº 178 JUL 2017, p. 17-22.

FELTRAN, G. Revistas Marquem Esquerda. Cidades em conflito; Conflitos nas cidades. São Paulo: Editora Boitempo, 2015, p.13-16.

MARICATO, E Para entender a crise urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2015.

MOSQUEIRA, T M. Reabilitação da Região da Luz – centro de São Paulo: projetos urbanos e estratégias de intervenção. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2007.

NOSSA, P S. Geografia da Saúde: O caso da Sida. Oeiras: Celta Editora, 2001.

ROLNIK, R. Guerra dos Lugares: a colonização da terra e da moradia na erra das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015.

RUI, T. Usos da “Luz” e da “cracolândia”: etnografia de práticas espaciais. Saúde e Sociedade (USP. Impresso), v. 23, p. 91-104, 2014.

SCARCELLI, O. C. C. F. As Classes Sociais e o Empresariamento na Produção da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo (Brasil). BOLETIM CAMPINEIRO DE GEOGRAFIA, v. 7, p. 157-175, 2017.

SILVA, M. R. Operação Urbana e Lutas Sociais: um histórico da propriedade no Butantã e da reversão da Operação Urbana Consorciada Vila Sônia. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2016.

SMITH, N. A gentrificação generalizada: de uma anomalia local à “regeneração” urbana como estratégia urbana global. In: Bidou-Zachariasen, Catherine (org.). De volta à cidade. São Paulo: Annablume, 2006, p. 59-87.

SMITH, N. Desenvolvimento desigual: natureza, capital e a produção do espaço. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1988.

TOPALOV, C. Da questão social aos problemas urbanos: os reformadores e a população das metrópoles em princípios do século XX. In: RIBEIRO, L.C.Q. & PECHMAN, R. Cidade, povo e nação. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1996, p. 23-51.

Downloads

Publicado

2021-06-30

Como Citar

CHALO, G. DESENVOLVIMENTO GEOGRÁFICO DESIGUAL, SAÚDE E CIDADE: NOTAS SOBRE O HIGIENISMO E OS CONFLITOS URBANOS NA CRACOLÂNDIA EM SÃO PAULO. Terra Livre, [S. l.], v. 2, n. 55, p. 184–206, 2021. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/2069. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos