MEMÓRIAS CAMPONESAS POR TERRA NO GOVERNO MILITAR
MIGRANTES DO ALTO URUGUAI, RS AO PROJETO TERRANOVA, NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3234Palavras-chave:
Migrantes; Camponeses; Ocupação da Amazônia; Projeto Terranova.Resumo
O assentamento de camponeses gaúchos pobres na Amazônia mato-grossense é tema deste estudo que tem como objetivo analisar sua fixação e adaptação em espaço desconhecido. A fim de alocá-los, o governo federal propôs o Projeto Terranova, MT, distante mais de 2.000 km do Rio Grande do Sul, espaço com clima e solo totalmente diferentes das terras sulinas, demonstrando o desconhecimento governamental da precária realidade do local escolhido. A fim de entender como e por que aconteceu essa migração, dialogamos com um grupo de 12 famílias participantes do Projeto, por terem sido expulsas das Terras Indígenas de Guarita, Tenente Portela, Nonoai e Cacique Doble, situadas no Alto Uruguai, RS. A partir das memórias, ancoradas em referenciais teóricos sobre as políticas agrária e agrícola, problematizam-se pontos sobre a migração e o processo de adaptação e fixação no novo local, enfatizando-se saberes e práticas que compuseram a vida coletiva. Como pano de fundo, explanaram-se os interesses políticos e econômicos nacionais do Estado e capital que interferiram sobremaneira na história de vida e morte de comunidades inteiras e alteraram o bioma Amazônia, configurando intensas transformações socioambientais.
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