TEMPO GEOGRÁFICO E HISTÓRIA

O PAPEL DA RELAÇÃO ENTRE SOCIEDADE E NATUREZA NO ESFACELAMENTO DA MEDIAÇÃO ENTRE O ESPAÇO DE EXPERIÊNCIAS E O HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

Autores

  • Tom Adamenas e Pires PPGH/USP

DOI:

https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3242

Palavras-chave:

tempo geográfico, espaço de experiência, horizonte de expectativa, neoliberalismo, história

Resumo

A ampliação do reconhecimento de que o neoliberalismo imprime uma aceleração sobre o movimento do real, bem como corrói a capacidade imaginativa e prospectiva do ser social sobre o futuro, tenciona à necessidade de adensamento do diálogo da ciência geográfica com a questão do tempo. Para tanto, recorreu-se ao expediente categorial do tempo geográfico, via as proposições de Pierre George, Milton Santos e Elvio Martins, pondo-o em diálogo com a filosofia da história, através das categorias de espaço de experiência e horizonte de expectativa, propostas por Reinhart Koselleck, mediando a intersecção prioritariamente através da questão urbana na modernidade, bem como na atual quadra histórica, e da economia política. Encaminhou-se o entendimento de que a geografia, enquanto dado da realidade organizado dentro da relação entre sociedade e natureza, possui papel central na constituição do espaço de experiência, participando assim ativamente da composição dos horizontes de expectativa – e sendo também por estes determinada. A análise das transformações da geografia, mediante o cabedal de categorias do tempo geográfico, permite apontar as determinações próprias do neoliberalismo sobre a relação entre sociedade e natureza, aparentes no processo de urbanização das metrópoles dentro do contexto da crise estrutural do capital, e sua função no esgarçamento das experiências e na dissolução das expectativas.

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Publicado

2024-07-09

Como Citar

Adamenas e Pires, T. (2024). TEMPO GEOGRÁFICO E HISTÓRIA: O PAPEL DA RELAÇÃO ENTRE SOCIEDADE E NATUREZA NO ESFACELAMENTO DA MEDIAÇÃO ENTRE O ESPAÇO DE EXPERIÊNCIAS E O HORIZONTE DE EXPECTATIVAS. Boletim Paulista De Geografia, 1(112), 285–307. https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3242