Da “cidade do agronegócio” à “cidade como negócio”: (re) inserindo o urbano no debate
Palavras-chave:
urbano, agricultura capitalista, fronteira, segregação espacial, Primavera do LesteResumo
Vários estudos a respeito da produção do espaço de cidades dinamizadas pela agricultura capitalista são realizados a partir do agrário. Este artigo pretende inverter a investigação geralmente empreendida nos estudos dessas cidades que despontam como grandes produtoras da agricultura capitalista do país. Partimos em nossa investigação do estudo dos processos que perpassam a cidade de Primavera do Leste, localizada a 240 quilômetros da capital mato-grossense. Implantada no contexto da expansão da fronteira do capital nas décadas de 1970 e 1980 rumo ao centro-oeste brasileiro, surge hoje no discurso como uma das principais “cidades do agronegócio” de Mato Grosso. A concentração de terra, de poder e de capital está nos alicerces de uma urbanização até hoje controlada por um pequeno grupo de detentores do poder econômico e político. A produção desta “cidade cativa” gera uma dificuldade ainda maior das pessoas de menor renda para o acesso à moradia e à propriedade, constituindo-se em um dos elementos que nos ajudam a entender o acirramento da segregação espacial nessas cidades. Por meio de levantamento bibliográfico, realização de trabalhos de campo e de entrevistas, revelaremos as contradições da produção do espaço urbano primaverense, esmiuçadas por meio de sua constituição como fronteira do capital e de mecanismos fundados em uma urbanização essencialmente sob o comando dos atuais “pioneiros enriquecidos” da cidade. Por fim, desvelaremos alguns dos elementos da reprodução das relações sociais da população mais pobre, usualmente obscurecidos em análises que enaltecem o “agronegócio” ou se perdem no agrário.
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