Gerenciamento costeiro, ambiente e território
a revisão do Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do município de São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i114.3621Keywords:
Usos do território, Governança Ambiental, Zoneamento Ecológico-EconômicoAbstract
As zonas costeiras são áreas de complexos sistemas ecológicos e áreas de pressão de diversos usos econômicos. Assim, essas zonas necessitam de políticas públicas específicas de planejamento territorial, demandando uma ambientalização desses instrumentos. Em São Sebastião, município localizado no Litoral Norte de São Paulo com um histórico de ocupação por populações tradicionais caiçaras, migrantes e turistas, a lógica de setores como o turístico, imobiliário e portuário age por essa ambientalização como um campo operatório sobre o uso do território para garantir o valor estético da natureza local como recurso de interesse da urbanização turística do município, processo que privilegia as belezas naturais da área para o acesso e privilégio das classes mais abastadas da metrópole paulista. Assim, analisamos o processo de revisão do Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Litoral Norte (ZEEC-LN), realizado em 2017 e como este criou novas funções espaciais e consolidou outras, utilizando-se da norma socioambiental para transformar, ressignificar e reapropriar o ambiente do município com objetivo de assegurar sua continuidade dentro de um campo de poder que precisa de constante álibi técnico normativo para a articulação de seus processos ecológicos como bases materiais e simbólicas da reprodução desse espaço urbano. A revisão do ZEEC-LN evidenciou o desafio desta ferramenta se consolidar como um instrumento dinâmico de política pública, em vez de ser um fim em si mesmo, que capacite a inclusão de novos sujeitos nessa arena de negociações pela criação de novos desenhos que abarquem mais representações e narrativas sobre o gerenciamento costeiro como um projeto territorial.
References
AB’SÁBER, Aziz. O tombamento da Serra do Mar no estado de São Paulo. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 21, p. 7-18, 1986.
ACSELRAD, Henri. O zoneamento ecológico-econômico e a multiplicidade de ordens socioambientais na Amazônia. Novos Cadernos NAEA, [S.l.], v. 3, n. 2, dez. 2000. ISSN 2179-7536. Disponível em: <https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/32>. Acesso em: 01 jul. 2022. doi:http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v3i2.32.
BERNARDES, Santiago; ISHIKAWA, Aline; PINTO, Ana Flávia. Povos e Comunidades Tradicionais e o direito ao oceano saudável. Diálogos Socioambientais, [S. l.], v. 5, n. 14, p. 35–38, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/dialogossocioambientais/article/view/710. Acesso em: 17 mar. 2025.
BRASIL. Decreto nº 4.297, de 10 de Julho de 2002. Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências.
BRASIL. Decreto nº 5.300, de 7 de Dezembro de 2004. Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências.
BÜHLER, Eve-Anne; GAUTREAU, Pierre. Néolibéralisation de la nature. Dictionnaire critique de l’Anthropocène, 2020. ffhalshs-02869248f. https://shs.hal.science/halshs-02869248
DANTAS, Eustógio Wanderley Correia. Maritimidade nos trópicos: por uma geografia do litoral. Fortaleza: Edições UFC, 2009. 127 p.
FEITAL, Marcela da Silveira. Conflitos e arenas decisórias de grandes projetos de infraestrutura: uma discussão do porto de São Sebastião - São Paulo - Brasil. 2014. 178 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2014.936240
FRITZSONS, Elenice; CORREA, Ana Paula Araújo. O Zoneamento ecológico-econômico como instrumento de gestão territorial. Colombo: Embrapa Floresta, 2009.
GAZETA DE SÃO PAULO. Moradores de Maresias questionam prefeito sobre habitação popular. Gazeta de S. Paulo, [S. l.], p. 0-2, 23 fev. 2023. Disponível em: https://www.gazetasp.com.br/estado/moradores-de-maresias-questionam-prefeito-sobre-habitacao-popular/1121308/ . Acesso em: 30 ago. 2023.
ITANI, Márcia Renata. Zoneamento ecológico-econômico e territorialidades: estudo de caso no Litoral Norte paulista. 2018. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. https://doi.org/10.11606/T.16.2018.tde-12112018-154520.
ITANI, Marcia; ZUQUIM, Maria de Lourdes. Zoneamento Ecológico-Econômico e territorialidades: um estudo de caso no Litoral Norte paulista. Confins, n. 49, 2021. DOI: https://doi.org/10.4000/confins.35924.
LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental a reapropriação social da natureza. [s.l.] Rio De Janeiro Civilização Brasileira, 2006.
LEMOS, Maria C.; AGRAWAL, Arun. Environmental Governance. Annual Review of Environment and Resources, v. 31, p. 297-325, nov. 2006. DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.energy.31.042605.135621.
LEFEBVRE, Henri. The Production of Space. Trad. D. Nicholson-Smith Oxford: Basil Blackwell, 1991.
LIMA, Guilherme Paschoal. Turismo e poder em lugares tradicionalmente habitados por caiçaras: o caso do Bonete, Ilhabela, SP. 2015. 1 recurso online (302 p.) Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1626936. Acesso em: 17 mar. 2025.
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. Turismo e cultura caiçara no litoral norte paulista. In: RODRIGUES, Adyr. Turismo, modernidade, globalização. São Paulo: Hucitec, 1997a.
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. Turismo, natureza e cultura caiçara: um novo colonialismo? In: SERRANO, Célia & BRUHNS, Heloisa (Orgs.). Viagens à natureza. Campinas: Papirus, 1997b.
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. Urbanização turística: um novo nexo entre o lugar e o mundo. SERRANO, Célia; BRUHNS, Heloisa; LUCHIARI, Maria Tereza Duarte Paes (Orgs.). Olhares contemporâneos sobre o turismo. Campinas: Papirus, 2000.
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. A (re)significação da paisagem no período contemporâneo. In: CORRÊA, Roberto Lobato & ROSENDAHL, Zeny (Orgs.). Paisagem, imaginário e espaço. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2001.
LUKE, Timothy W. On environmentality: Geo-power and eco-knowledge in the discourses of contemporary environmentalism. Cultural critique, n. 31, p. 57-81, 1995. https://doi.org/10.2307/1354445
MARTINS MONGE, R. "PAPU"; BERNARDES, L. C. "SANTIAGO"; MURUA, G.; CALLORI KEFALAS, H.; CAROLINA S. BARBOSA, A.; SALLAI DE OLIVEIRA, A. F.; FIALHO, A.; SANTOS NATIVIDADE, C.; SANTOS, M. R.; DE OLIVEIRA, D.; SANTOS, D. B.; S. SOUZA, H. D.; DE OLIVEIRA, M. R. SEMEANDO O SABER, ADQUIRINDO O PODER. Mares: Revista de Geografia e Etnociências, v. 1, n. 1, p. 161-174, 6 out. 2019.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Contribuições para a gestão da zona costeira do Brasil: elementos para uma geografia do litoral brasileiro. Annablume, 2007.
MUSSOLINI, Gioconda. Ensaios de antropologia indígena e caiçara. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
NASCIMENTO, V. O Fórum de Comunidades Tradicionais e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina. O território pulsa: territórios sustentáveis e saudáveis da Bocaina: soluções para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável territorializados. Paraty: Fiocruz, p. 13-21, 2019.
NASCIMENTO, J. R.; BARBOZA, R. S. Dos seringais aos maretórios: r-existências nas Resex Marinhas na Amazônia. In: TEISSERENC, TEISSERENC e ROCHA (org.). Gestão da água: desafios sociopolíticos e sociotécnicos na Amazônia e no Nordeste brasileiros. Belém, NUMA/UFPA. p. 234-266, 2020
RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo (SP): Ática, 1993
REBORATTI, Carlos. Ambiente y Sociedad: Conceptos y Relaciones. Ariel, 2000.
SANTOS, Milton. 1992: a redescoberta da natureza. Estudos Avançados, São Paulo, v. 6, n. 14, p. 95-106, abr. 1992
SÃO PAULO (Estado). Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Resolução n. 40 de 6 jun. 1985. São Paulo, 1985.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental. Zoneamento Ecológico-Econômico - Litoral Norte São Paulo / Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental. - São Paulo: SMA/CPLEA, 2005
SÃO PAULO (Estado). Decreto No 62.913, de 8 de novembro de 2017. Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do Setor do Litoral Norte, e dá providências correlatas. [S. l.], 8 nov. 2017.
SCIFONI, Simone. A natureza e a reprodução do espaço urbano no litoral paulista. IX ENANPEGE Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, Goiânia, 2011, v. 8.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Ambientes e territórios: Uma introdução à Ecologia Política. Editora Bertrand Brasil, 2019.
SOUZA, Marcelo Lopes de. AMBIENTE. GEOgraphia, v. 24, n. 53, 31 ago. 2022.
TEIXEIRA, Leonardo R. et al. Megaprojetos no litoral norte de São Paulo, Brasil: uma análise integrada. In: Conferência da Rede de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos. 2012. p. 1-19.
URQUIJO, Pedro S., BOCCO, Gerardo; Geografía ambiental: reflexiones teóricas y práctica institucional. Región y sociedad, Hermosillo , v. 25, n. 56, p. 75-102, abr. 2013 . Disponível em <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-39252013000100003&l ng=es&nrm=iso>. Acesso em 07 jul. 2024.
Additional Files
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Fábio Luís de Campos, Maria Tereza Duarte Paes

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.


