Impactos ambientais na morfodinâmica estuarina do Canal de Ararapira, Cananeia, SP

Abstract

A abertura de uma nova barra no Canal de Ararapira em Cananeia é resultado das modificações energéticas de determinados processos morfodinâmicos. A configuração geomorfológica regional apresenta como atributo principal a ação dos fluxos de correntes de maré que adentram no ambiente estuarino. Tal condição determina o transporte sedimentar e a intensidade das taxas de erosão e de deposição. Contudo, a característica sedimentar das planícies estuarinas descreve uma geomorfologia altamente instável. Este artigo tem o objetivo de levantar os condicionantes morfológicos que atuam nesse ambiente, o que inclui o estudo sobre a evolução de sua paisagem. A verificação dos processos morfomarinhos e morfofluviais por meio dos modelos teóricos existentes é acrescida do levantamento quantitativo e qualitativo dessas variáveis. Com o suporte cartográfico, foi possível representar o histórico das alterações morfológicas e a estrutura hidrográfica da região. Diante das instabilidades geomorfológicas, pretendeu-se referenciar que a ação antrópica, a partir do estabelecimento do Canal do Varadouro, na década de 1950, no limite dos estados de São Paulo e Paraná, contribuiu para o rearranjo energético desses processos e impactou os padrões de erosividade e de deposição sedimentar no Canal do Ararapira, o que resultou em um novo dinamismo ambiental. Analisou-se o fato de o canal artificial influenciar na dinâmica hídrica estuarina, principalmente em função da alteração da velocidade dos processos geomorfológicos derivados dos fluxos das correntes de maré.