Concentrações de ozônio troposférico na Região Metropolitana de São Paulo e a implementação de parques urbanos: observações e modelagem
Palavras-chave:
poluição atmosférica, ozônio, RMSP, parques urbanos, monitoramento ambientalResumo
A poluição do ar nas grandes metrópoles constitui um desafio complexo e importante, e a construção de parques urbanos impacta positivamente a qualidade de vida nestes ambientes. Na Região Metropolitana de São Paulo, a emissão de poluentes por veículos, influenciada pelo uso do solo, interage com a atmosfera, resultando em significativas variações espaciais e temporais das suas concentrações na escala intraurbana. Altas concentrações de ozônio, formado a partir de reações entre a emissão de poluentes precursores e a radiação solar, são recorrentes. Buscou-se compreender como a construção de um parque poderia afetar a poluição do ar em escala local. Dados da estação Terminal Parque D. Pedro II (PQDP) – urbana veicular e da estação Ibirapuera – background urbano – da CETESB foram utilizados para construção de ciclos diurnos no período 1996-2011. A inclusão de um parque urbano na RMSP foi considerada com o uso do modelo atmosférico WRF/Chem para o período 28/01-02/02/2014. Os resultados indicam maiores concentrações de ozônio na estação Ibirapuera. Na estação PQDP, observa-se maiores concentrações de poluentes associados a veículos. Observa-se diminuição significativa dos poluentes veiculares na localidade a 50 metros das principais avenidas (PQDP2) em relação à localidade a 5 metros (PQDP1), porém, com aumento de 14 µgm-3 na concentração máxima de ozônio. As simulações no modelo WRF/Chem indicam diminuição dos poluentes veiculares e aumento de 12 µgm-3 na concentração média de ozônio na área do Parque Oratório em relação à simulação controle, demonstrando a interação entre emissão de poluentes, radiação solar e brisa marítima. Conclui-se que o aumento de ozônio pode ocorrer em situações onde parques substituam áreas caracterizadas por poluição veicular, o que deve ser considerado cuidadosamente pelas autoridades locais de saúde e planejamento urbano.Referências
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