MULTITERRITORIALIDADE IMPOSTA POR BELO MONTE AOS REMOVIDOS PARA O RUC SÃO JOAQUIM
ENTRE VIOLÊNCIAS E RESISTÊNCIAS
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3289Palavras-chave:
território, multiterritorialidade, RUC São Joaquim, Altamira-PAResumo
Este artigo investiga o processo de construção de novas territorialidades e as relações de pertencimento entre os sujeitos atingidos pela implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, focando especificamente no Reassentamento Urbano Coletivo (RUC) São Joaquim, localizado em Altamira, Pará. O estudo explora a problemática da transformação territorial provocada pela construção da usina, que desencadeou um processo de desterritorialização e subsequente reterritorialização entre os moradores deslocados. O principal objetivo é desvendar como esses moradores, agora realocados no RUC, desenvolvem novas formas de pertencimento e territorialidade, que reconstroem suas vidas em um contexto radicalmente alterado. Utilizando uma abordagem metodológica qualitativa, a pesquisa se apoia em trabalho de campo, entrevistas, dados secundários e fotografias no sentido de entender as vivências e percepções dos residentes do RUC. Os achados do estudo destacam a emergência de novos territórios e práticas espaciais dentro do RUC São Joaquim, ressaltando a existência de uma multiterritorialidade e a interação dinâmica com diversos grupos sociais. A desterritorialização enfrentada pelos moradores teve profundos impactos em suas relações sociais e identidade territorial, ocasionando uma profunda reconfiguração do espaço urbano e da dinâmica comunitária. Enfrentando diversos desafios, os moradores trabalham na reconstrução de relações de vizinhança e na reafirmação de sua territorialidade, num esforço para adaptar-se e encontrar sentido no novo ambiente urbano que agora habitam.
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