DISPOSITIVO DE RACIALIDADE E A LEI 10.639/2003:
IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE GEOGRAFIA E NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i111.3083Palavras-chave:
Relações raciais;, Racismo;, Racialidade;, Escola;, Programa Nova EJAResumo
Mesmo após 20 anos da implementação da Lei 10.639/2003, ainda enfrentamos muitos desafios no que se refere a sua aplicação nas salas de aula. Com recorte para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), o presente trabalho obstina-se a problematizar as possíveis relações entre o ensino de Geografia para jovens e adultos e a aplicação da Lei 10.639/2003 por meio da mobilização teórico-conceitual do dispositivo de racialidade emergido da epistemologia feminista negra. Através de entrevistas realizadas com profissionais da educação envolvidos com a elaboração do material didático de Geografia da Nova Política para a Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC/RJ), denominada Programa Nova EJA que reestruturou curricular e pedagogicamente a EJA no estado do Rio de Janeiro, foi possível compreender as bases em que foi construído o mencionado material e também constatar que ainda há um abismo gigantesco entre a idealização de aplicação da Lei 10.639/2003 e a realidade que vivemos nas escolas brasileiras. Portanto, argumenta-se que as nuances e sinuosidades de como opera o dispositivo de racialidade estão implicadas a esses desafios, tornando complexa a problemática acerca do trabalho com conteúdos referentes a atender os objetivos da Lei 10.639/2003 nos espaços escolares.
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