O NOVO PERFIL DE ESTUDANTES-TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (DG-USP)
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3070Palavras-chave:
Estudantes-trabalhadores/as; Reserva de vagas; Precarização do trabalhoResumo
O objetivo central do presente trabalho é identificar o perfil e as principais dificuldades acadêmicas dos/as estudantes-trabalhadores/as de graduação do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (DG-USP). Para tanto, além do levantamento bibliográfico referente ao tema, analisamos dados dos questionários socioeconômicos da Fundação para o Vestibular (FUVEST), entre os anos de 2001 e 2015, e dos questionários socioeconômicos respondidos pelos estudantes do DG-USP nos anos de 2018 e 2020. Defendemos que o perfil de estudantes-trabalhadores/as do DG-USP sofreu uma transformação que se deve, principalmente, a dois fatores. O primeiro refere-se à adesão da USP ao Sistema de Seleção Unificada (SISU), em 2015, permitindo maior ingresso de estudantes socioeconomicamente mais vulneráveis — com renda familiar de até 5 salários mínimos, oriundos de escolas públicas e autodeclarados/as pretos, pardos e indígenas. O segundo fator é consequência direta do avanço das políticas neoliberais sobre o mercado de trabalho brasileiro, provocando intensa precarização das condições materiais e subjetivas dos/as trabalhadores/as. Como resultado, identificamos um perfil de estudantes-trabalhadores/as socioeconomicamente mais vulneráveis em relação àqueles/as que ingressaram na USP antes da reserva de vagas, e que apresentam dificuldades acadêmicas relacionadas principalmente à falta de tempo, linguagem acadêmica, excesso de tarefas acadêmicas, questões financeiras e psicológicas. Concluímos que a presença desse novo perfil de estudantes demanda o alargamento e o aprofundamento das estratégias de permanência estudantil na USP, bem como avaliação cuidadosa acerca da concepção e das práticas pedagógicas do DG-USP.
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