“COMO QUE UMA COVID LONGA”, O EFEITO PROLONGADO DA PANDEMIA SOBRE FEIRAS LIVRES DA AGRICULTURA FAMILIAR DE BASE CAMPONESA EM PORTEIRINHA-MG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3051

Palavras-chave:

Feiras, Agricultura familiar de base camponesa, Pandemia da COVID19.

Resumo

Este estudo analisou os impactos da Pandemia da COVID19 sobre os espaços de feiras livres do município de Porteirinha-MG tendo em vista que esses mercados locais tiveram suas atividades suspensas por períodos prolongados por gestores municipais a fim de conter o vírus. Esse quadro é agravado dramaticamente pelo desmonte das políticas de apoio à agricultura familiar intensificado na gestão Bolsonaro e, mais ainda, pelo o negacionismo que imperou no governo, de inação na coordenação de medidas de enfrentamento da pandemia. As informações tratadas neste artigo é resultado de um denso trabalho de campo realizado entre os anos de 2019 e 2023, por meio da observação direta aos espaços de feiras, entrevistas com consumidores, famílias agricultoras feirantes, além de diálogos com gestores públicos e de organizações da sociedade civil buscando compreender de que maneira a pandemia afetou o dia a dia das/os agricultoras/es  que tinham nos espaços de feiras livres sua principal fonte de renda. O estudo evidencia que o negacionismo do governo federal em relação à pandemia da COVID19 contribuiu para uma desorientação dos gestores locais, a exemplo do caso de Porteirinha, que se viram sozinhos na tomada de decisões com vistas à segurança sanitária, dentre elas, aquelas que afetaram negativamente o funcionamento das feiras livres. Que passaram a amargar as consequências da suspensão prolongada de suas atividades, como: o baixo número de frequentadores e a formação de novos hábitos de consumo na população.

Biografia do Autor

Fábio Dias dos Santos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ/CPDA

Doutor pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, no CPDA - Programa  de  Pós-Graduação  de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Mestre pelo Programa de  Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros (PPGDS/UNIMONTES), graduado em Ciências Sociais na mesma Universidade.  Pós-Doutorando - 2024/2025, pelo PPGDS/UNIMONTES. Trabalha na área da Sociologia Rural e Ambiental, especialmente, na análise dos impactos das políticas de desenvolvimento rural e geração de renda para a agricultura familiar de base camponesa e povos e comunidades tradicionais. Entre os anos 2011 e 2016, atuou como assessor técnico do Ministério de Desenvolvimento Agrário MDA, pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas - CAA NM, em diferentes Projetos de ATER (Assessoria Técnica e Extensão Rural)  Atuou como Coordenador Institucional da UNICAFES MG - União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia solidária de Minas Gerais, nesta instituição contribuiu na redação do Projeto de Lei N 5.374/2014, em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que propõe a implantação de políticas públicas para o cooperativismo na agricultura familiar e economia solidária. Atou como Pesquisador Bolsista - FAPEMIG no NEPRA-Unimontes. Atualmente, é pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinar de Investigação Socioambiental - NIISA, vinculado ao PPGDS/UNIMONTES.   

Gustavo Henrique Cepolini Ferreira, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Graduado em Geografia (Bacharelado e Licenciatura) pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, (2007, Bolsa SEE-SP), Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2013, Bolsa CNPq), Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2018, Bolsa CAPES) e Pós-Doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (2019-2021). Também cursou as seguintes Especializações: Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais pela Universidade Federal de Lavras (2009) e em Docência no Ensino Superior - Centro Universitário Claretiano (2011). Professor do Departamento de Geociências - Centro de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGEO na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), onde coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e Agrários (NEPRA-UNIMONTES) e atua como Editor Chefe da Revista Verde Grande: Geografia e Interdisciplinaridade (ISSN: 2675-2395). Coordenou o Subprojeto de Geografia - Cinema, comunicação e regionalização - no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES (Edital 2018). Atualmente é o Coordenador Institucional do PIBID-CAPES Unimontes (Edital 2020). Tem experiência na área de Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: Geografia Agrária, Regularização Fundiária, Amazônia, Ensino de Geografia, Educação do Campo e Conflitos Socioambientais, Regionais e Territoriais. Participação como avaliador no Programa Nacional do Livro e do Material Didático - PNLD de Geografia e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (2018, 2019, 2020 e 2021) e no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), vinculado ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Ernandes Dayer Lopes de Barros Moreira Campos, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Bolsista FAPEMIG no Projeto Atlas da Questão Agrária Norte Mineira.
Também é Pesquisador, membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e Agrárias - NEPRA vinculado ao Departamento de Geografia da UNIMONTES.

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Publicado

2024-07-08

Como Citar

Santos, F. D. dos, Ferreira, G. H. C., & Campos, E. D. L. de B. M. (2024). “COMO QUE UMA COVID LONGA”, O EFEITO PROLONGADO DA PANDEMIA SOBRE FEIRAS LIVRES DA AGRICULTURA FAMILIAR DE BASE CAMPONESA EM PORTEIRINHA-MG. Boletim Paulista De Geografia, 1(112), 24–50. https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3051