RELAÇÃO SOLO-VEGETAÇÃO EM CAMPOS DE ALTITUDE NA MATA ATLÂNTICA:

O CASO DO NÚCLEO CURUCUTU DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR – SUDSTE DO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3024

Palavras-chave:

campos naturais, solo, mata atlântica, relação solo-vegetação, Parque Estadual da Serra do Mar

Resumo

As fitofisionomias florestais são dominantes no bioma da Mata Atlântica, mas as formações herbáceas e arbustivas também são frequentes e, em alguns casos, formam campos rupestres e de altitude. Um dos exemplos dessas ocorrências está situado no Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar (SP). Neste local, os campos estão em condições altimétricas e climáticas equivalentes às das florestas do entorno, sem que estas avancem sobre os campos e provoquem o seu progressivo desaparecimento. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é verificar se o solo é o fator limitante para o avanço das formações florestais sobre as áreas campestres. Para responder essa questão, foram realizados três transectos pedo-vegetacionais, cortando tanto as formações florestais como as campestres. Ao longo dos transectos, foram levantadas as características morfológicas e químicas dos solos, e as variações na topografia, sendo estabelecidas correlações com as fitofisionomias. Os dados mostram que os solos da área são, predominantemente, rasos, textura franca, extremamente ácidos, lixiviados, e um pouco mais profundos nas florestas que nos campos. Contudo, observou-se em campo que, durante as chuvas, a infiltração da água é rápida e, nas vertentes, dominadas pelos campos, dá origem a um lençol suspenso no contato do horizonte A com C/CR, formando um fluxo lateral rápido, sugerindo que o tempo de permanência da água nesse solo é curto. Assim, considera-se que o stress hídrico e a pequena espessura dos solos são os fatores limitante para a expansão de florestas sobre as áreas de campos de altitude.

Biografia do Autor

Marcos Roberto Pinheiro, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (2004), além de mestrado (2009) e doutorado (2014) em Ciências (área de concentração: Geografia Física) pela mesma instituição. Atualmente é especialista de nível superior do Laboratório de Pedologia do DG - FFLCH - USP e tem experiência na área de Geomorfologia e Pedologia, atuando principalmente nos seguintes temas: morfotectônica, mapeamento geomorfológico, levantamento de solos e fotointerpretação

Sidneide Manfredini, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Agronomia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Agronomia de Jaboticabal (1974), mestrado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (1977) e doutorado em Solos e Nutrição Mineral de Plantas pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (1983). Atualmente é professor assistente doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em pedologia, atuando principalmente na área das relações solo-planta-atmosfera, solo-relevo e solos urbanos.

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Publicado

2024-07-08

Como Citar

Gonzaga Santos, L., Pinheiro, M. R., & Manfredini, S. (2024). RELAÇÃO SOLO-VEGETAÇÃO EM CAMPOS DE ALTITUDE NA MATA ATLÂNTICA: : O CASO DO NÚCLEO CURUCUTU DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR – SUDSTE DO BRASIL. Boletim Paulista De Geografia, 1(112), 101–125. https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3024

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