Combate ao desmatamento na Amazônia
o caso de São Félix do Xingu-PA (1989-2023)
DOI:
https://doi.org/10.54446/bcg.v14i2.3511Palavras-chave:
Amazônia, Desmatamento, Terras indígenas, Unidades de ConservaçãoResumo
O objetivo deste artigo é analisar o combate ao desmatamento em São Félix do Xingu-PA (SFX) no período 1989-2023 e caracterizar as relações sociais que originaram diminuição e aumento do desmatamento nesse período. O referencial teórico adotado é a sociologia acontecimental, do campo da sociologia histórica. As principais técnicas de pesquisa usadas foram análise de documentos, entrevistas e dados secundários. Conclui-se no artigo que a diminuição do desmate em 2004-2014 foi produzida pela combinação de constituição de áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação) com vigilância e repressão estatal, em processos históricos conflituosos, que combinaram ações de instituições estatais, produtores rurais, povos tradicionais e organizações sociais. Destaca-se também os problemas dessa política, com o seu limite mais evidente residindo na não promoção de uma transição produtiva para uma economia da biodiversidade no município. Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), houve aumento significativo da devastação, no contexto do desmantelamento da política ambiental brasileira e de estímulos à ocupação de áreas protegidas. No primeiro ano do governo Lula 3 (2023), houve a retomada da política repressiva e uma nova diminuição do desmate.
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