A Geografia Profético-Mítica

a dramaticidade da geograficidade (neo)pentecostal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54446/bcg.v13i2.2980

Palavras-chave:

Geograficidade, Geografia Profética e Mítica, (Neo)Pentecostalismo, Forma simbólica, Religião e mito

Resumo

Cassirer, em sua filosofia das formas simbólicas, explorando as diferenciações e o cordão umbilical comum entre mito e religião, assevera que o primeiro já é a religião em potencial, enquanto esta não pode, por sua vez, perder completamente a estrutura do mundo mítico. Navegando nestas correntezas, Dardel nos apresenta uma Geografia Mítica e uma Geografia Profética enquanto modos de experiência da realidade geográfica. O que intentamos neste artigo é mostrar como, recobrando as bases de um cristianismo primitivo, a fé (neo)pentecostal enseja um retorno-convergência da forma simbólica “religião” ao “mito”, uma via de retorno não imaginada por Cassirer. Neste contexto, busca-se apresentar a Geografia Profético-Mítica do movimento (neo)pentecostal e a dramaticidade de sua geograficidade. O debate se inicia com um preâmbulo teórico sobre as formas simbólicas e uma análise específica do mito e da religião, ao que se sucede a apresentação da constituição do pentecostalismo e sua consolidação no Brasil. Por fim, se discute a referida – e dramática – geograficidade de uma Geografia Profético-Mítica.

Biografia do Autor

Caê Garcia Carvalho, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Graduado, mestre e doutor em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do curso de Geografia da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Referências

ALENCAR, Gedeon. Pentecostalismos & ecumenismos: Deus e o diabo se (des)entendendo na terra do sol. Caminhos, Goiânia, v. 12, n. 1, p. 220-239, 2014. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/caminhos/article/view/3624/2116. Acesso em: 28/11/2023.

ALVES, J. CAVENAGHI, S. La transición religiosa y el crecimiento del conservadurismo moral en Brasil. In: PEREZ, G. (Org.). Sexualidad, Religión y Democracia en América Latina. México: Fundación Arcoíris por el Respeto a la Diversidad Sexual, A.C, 2019, p.169-210.

BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. São Paulo: Editora Pioneira, 1989.

BELZEN, Jacob. Para uma psicologia cultural da religião: princípios, enfoques e aplicação. Aparecida: Ideias & Letras, 2010.

BERKENBROCK, Volney. A experiência dos orixás: um estudo sobre experiência religiosa no candomblé. Petrópolis: Vozes, 1999.

BESSA, Daniela. A Batalha Espiritual e o Erotismo. REVER, São Paulo, n. 1, 2006, p. 39-49. Disponível em: https://www.pucsp.br/rever/rv1_2006/p_bessa.pdf. Acesso em: 06/12/2023.

BOECHAT, João; DUTRA, Roberto; PY, Fábio. Teologia da prosperidade campista - Apóstolo Luciano e suas ressignificações religiosas na Igreja Pentecostal Semear. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 38, n. 2, p. 198-220, 2018. DOI: 10.1590/0100-85872018v38n2cap07.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Editora Perspectiva,1992.

CAMPOS, Leonildo. As origens norte-americanas do pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação ainda pouco avaliada. Revista USP, São Paulo, n. 67, p. 100-115, Novembro de 2005. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i67p100-115.

CARVALHO, Caê. Entre práticas e representações: o bairro do Engenho Velho da Federação segundo candomblecistas (do Terreiro do Cobre) e evangélicos (da Igreja Universal). Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

CARVALHO, Caê. Experiências religiosas e dimensão espacial. Mercator, Fortaleza, v. 17, p. 1-15, 2018. DOI: 10.4215/rm2018.e17006.

CARVALHO, Caê. A dimensão espacial da experiência religiosa: práticas e representações entre candomblecistas. Salvador: EDUFBA, 2022a.

CARVALHO, Caê. O espaço através da religião: percepções e representações espaciais entre candomblecistas e evangélicos. GEOGRAFIA, Rio Claro, v. 47, n. 1, p. 1-27, 2022b. DOI: 10.5016/geografia.v47i1.16749.

CARVALHO, Caê. Os evangélicos e as paisagens do medo. Geosul, Florianópolis, v. 38 n. 88, p. 532-560, 2023. DOI: 10.5007/2177-5230.2023.e85784.

CASSIRER, Ernst. An essay on man: an introduction to a philosophy of human culture. Connecticut: Yale University Press, 1944.

DARDEL, Erik. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2015.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Paulinas, 1996.

FRESTON, Paul. Protestantes e políticas no Brasil: da Constituinte ao impeachment. 1993. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.

FURTADO, Larry. As origens da adoração cristã: o caráter da devoção no ambiente da igreja primitiva. São Paulo: Vida Nova, 2011.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GUIMARÃES, Robson. Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos. REVER, São Paulo, n. 1, p. 31-53, 2005. Disponível em: https://www.pucsp.br/rever/rv1_2005/p_guimaraes.pdf. Aceso em: 19/12/2023.

HEIDEGGER, M. Ser e o tempo. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2005.

LENCIONI, Sandra. Região e Geografia. São Paulo: EDUSP, 2003.

Macedo, Edir. Estudos bíblicos. Rio de Janeiro: Universal, 2000.

Mariano, Ricardo. Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 2005.

MERGULHÃO, Adriano. O princípio e o fim. A contraposição entre Heidegger e Cassirer em Davos. Toledo, Presidente Prudente, v. 5, n. 1, p. 121-139, 2022. DOI: 10.48075/aoristo.v5i1.28764.

MORAES, Gerson. Neopentecostalismo: um conceito-obstáculo na compreensão do subcampo religioso pentecostal brasileiro. REVER, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 1-19, Junho de 2010. Disponível em: https://www.pucsp.br/rever/rv2_2010/t_moraes.pdf. Acesso em: 18/04/2023.

NETO, Gustavo; JUNIOR, Maurício. A Sedução divina no neopentecostalismo: um estudo psicanalítico. Revista Mal-estar e Subjetividade, Fortaleza, n. 3, p. 757- 786, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/malestar/v10n3/04.pdf. Aceso em: 19/12/2023.

OLIVEIRA, David. A leitura bíblica dos pentecostais e a noção de performance. REVER, São Paulo, v. 17, n. 2, p.119-140, 2017. DOI: 10.23925/1677-1222.2017vol17i2a7.

ORO, Ari. Transnacionalização evangélica brasileira para Portugal: tipologia e acomodações. Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, v. 19, n. 26, p. 14-51, 2017. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/169907/001052362.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 18/04/2023.

RELPH, Edward. As bases fenomenológicas da Geografia. Geografia, Rio Claro, v.4, n.7, p.1-25, 1979.

RELPH, Edward. Reflexões sobre a emergência, aspectos e essência do lugar. In: HOLZER, Werther; DE OLIVEIRA, Lívia (Org.). Qual espaço do lugar? São Paulo: Ed. Perspectiva, 2014, p. 17-32.

SANTOS, Ivanir; DIAS, Bruno; SANTOS, Luan. II Relatório sobre intolerância religiosa: Brasil, América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: CEAP, 2023.

TUAN, Yi-fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: Eduel, 2012.

Downloads

Publicado

07/02/2024

Como Citar

Garcia Carvalho, C. (2024). A Geografia Profético-Mítica: a dramaticidade da geograficidade (neo)pentecostal. Boletim Campineiro De Geografia, 13(2), 231–251. https://doi.org/10.54446/bcg.v13i2.2980

Edição

Seção

Artigos