A educação de jovens e adultos trabalhadores e as “novas insurgências” a partir da classe e da raça: pressupostos teóricos para o ensino de geografia
Palavras-chave:
Educação de Jovens e Adultos, Classe, Raça, Ensino de Geografia.Resumo
Neste artigo, busca-se refletir sobre a interseccionalidade entre classe e raça no contexto da sociedade brasileira, entrelaçando com o desenvolvimento do sistema educacional para compreender a demanda e manutenção da Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracterizada por trabalhadores e negros. Assim apontamos para a quebra de paradigma no ensino de geografia, no sentido de acolher as novas demandas sociais trazidas pelos inúmeros movimentos sociais, em nosso caso, os movimentos negros e que tem desdobramentos diretos para o ensino de geografia, pois reconfiguram o espaço geográfico, assim, implica o processo de ensino/aprendizagem geográfica. Sob essa perspectiva, optamos por uma abordagem metodológica pautada na pesquisa qualitativa e bibliográfica. Observamos a necessidade de olharmos para a EJA como um campo educacional marcado pela exclusão social e racial. Isso precisa estar fortemente demarcado nas pesquisas, práticas pedagógicas e na elaboração e aplicação das políticas públicas voltadas para esse público. Os estudantes da EJA são hegemonicamente trabalhadores (que ocupam postos de trabalho formais ou informais), ou filhos da classe trabalhadora, além da grande maioria ser negra, portanto, essas duas dimensões precisam ser/estar contempladas na EJA. No bojo dessa discussão, defendemos a ideia de que a geografia, a partir do seu objeto de estudo, o espaço geográfico, tem muito para contribuir com esse combate ao racismo, pois as análises geográficas podem desvendar as desigualdades socioeconômicas e raciais que permeiam a formação do espaço brasileiro e, por consequência a posição que esses jovens e adultos trabalhadores, e na sua grande maioria, negros, ocupam em nossa sociedade.
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