Magnitude de corridas de detritos na Serra do Mar (SP): avaliação de diferentes métodos de classificação

Autores

  • Maria Carolina Villa Gomes Universidade Estadual de Ponta Grossa Universidade de São Paulo
  • Vivian Cristina Dias Universidade de São Paulo
  • Bianca Carvalho Vieira Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Corridas de detritos, Magnitude, Morfometria de bacias, Serra do Mar

Resumo

A determinação da magnitude de processos geomorfológicos de baixa recorrência, como as corridas de detritos, constitui uma das maiores dificuldades para a avaliação da sua variabilidade espacial, do grau de suscetibilidade e da sua probabilidade. Os procedimentos levam em conta o tamanho dos materiais mobilizados, o volume depositado e o seu o raio de alcance. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes métodos/critérios (em escala de bacia hidrográfica) para determinação da magnitude de corridas de detritos na Serra do Mar (SP).  Foram utilizados três métodos, baseados em: (i) índices adimensionais estabelecidos para atributos morfométricos (área da bacia, índice de circularidade, declividade média do canal principal, área acima de 30° e amplitude altimétrica), utilizando-se o Modelo Digital de Elevação com resolução de 5 metros e a base cartográfica (1:50.000); (ii) dimensão dos blocos dos depósitos de corridas de detritos, localizados na rede de drenagem, suas margens e em sopés de encostas, identificados em campo; e (iii) área de inundação da corrida de detrito. Foram selecionadas quatro bacias de drenagem, atingidas por volumes semelhantes de precipitação em março de 1967, em Caraguatatuba (SP): as bacias dos rios Aldeia, Guaxinduba, Pau D’Alho e Santo Antônio. Com base nos atributos morfométricos, as bacias foram hierarquizadas a partir do maior potencial de geração de corridas: Pau D’Alho, Guaxinduba, Aldeia e Santo Antônio. Considerando a dimensão dos blocos, todas as bacias foram classificadas como de maior magnitude, devido à existência de blocos grandes e gigantes. A área de inundação, por sua vez, levou à classificação da bacia do Santo Antônio como a de maior magnitude, seguida pela Guaxinduba, Pau D’Alho e Aldeia. A bacia do Guaxinduba apresentou resultados mais semelhantes para os três métodos de classificação. Os resultados distintos obtidos apontam para a necessidade de utilização de critérios múltiplos para a determinação da magnitude destes eventos.

Biografia do Autor

Maria Carolina Villa Gomes, Universidade Estadual de Ponta Grossa Universidade de São Paulo

Professora Colaboradora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo

Vivian Cristina Dias, Universidade de São Paulo

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo

Bianca Carvalho Vieira, Universidade de São Paulo

Docente do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

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Publicado

2017-03-13

Como Citar

Gomes, M. C. V., Dias, V. C., & Vieira, B. C. (2017). Magnitude de corridas de detritos na Serra do Mar (SP): avaliação de diferentes métodos de classificação. Boletim Paulista De Geografia, (96), 51–65. Recuperado de https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/669

Edição

Seção

Artigos