Viajantes naturalistas na Amazônia
olhares, relatos e invenções
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i113.3387Palavras-chave:
relatos de viagem, Amazônia, geografiaResumo
Este artigo investiga os relatos de viajantes que exploraram a Amazônia, uma região frequentemente vista como "selvagem" e "não civilizada". Ao longo dos séculos, cronistas, exploradores, cientistas e outros personagens criaram representações dessa região através de cartas, relatórios, relatos de viagens e outros escritos, forjando uma imagem do espaço amazônico e de seus habitantes. A partir dessas narrativas, os povos da Amazônia foram retratados por meio de estereótipos e concepções racistas, sendo vistos como bárbaros ou selvagens, em contraste com os "civilizados". A Amazônia foi, por muito tempo, um território alvo de disputa e exploração, e sua representação foi moldada para atender aos interesses dos Estados Nacionais. O artigo também analisa como a geografia e outras ciências ajudaram a construir essas percepções, reforçando uma visão colonial que justificava a dominação da região. Mesmo após séculos, a Amazônia continua a ser vista de forma estigmatizada, como uma terra virginal, rica, mas socialmente empobrecida, refletindo uma perspectiva eurocêntrica e de controle. O objetivo do estudo é entender como essas narrativas contribuíram para perpetuar a marginalização da Amazônia e de seus povos, mantendo um imaginário de primitivismo e exploração.
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