AGRONEGÓCIO E AGROTÓXICO:
DOIS PECADOS, UMA SENTENÇA NO CAMPO PARAENSE
DOI:
https://doi.org/10.61636/bpg.v1i110.3006Palavras-chave:
agronegócio; agrotóxico; territórioResumo
Agronegócio e agrotóxico apresentam-se como pares inseparáveis, sinistros de um mesmo processo que avança sobre os territórios campesinos, tentando imputar-lhes uma nova forma de ser e de viver na terra. É sob esta perspectiva que nos propomos discutir as implicações do avanço do agrotóxico/agronegócio na agricultura do nordeste do Pará nos anos de2020 e 2021. Para tanto, nos indagamos: Como o uso do agrotóxico derivado da expansão do agronegócio impacta o modo de vida nos territórios campesinos dessa região da Amazônia? Na pesquisa utilizamos trabalho de campo- ocorrido apenas no segundo semestre de 2021, em decorrência da pandemia da COVID- quando realizamos entrevistas semi-estruturadas. Além disso, levantamos dados secundários, através de textos e relatórios científicos. Constatamos que o agronegócio e o agrotóxico se impõem a esses territórios obstando o direito ao comum, como a terra, a água e a floresta, posto que os agrotóxicos são, ao fim e ao cabo uma tecnologia fundamental para a continuidade do projeto do agronegócio. Porém, ao mesmo tempo em que se impõe o território do agro, os camponeses politizam suas ações reforçando suas estratégias de luta, seja através de ações diretas de confronto, seja através de ações judiciais, dentre outras. Nosso propósito é contribuir com o debate acerca das transformações ocorridas no campo paraense, visibilizando as disputas, e o potencial de resistência camponesa.
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