Feira livre e tradicional do Crato-Ce:
espaço educativo das africanidades no ensino de geografia
Palavras-chave:
Feira livre e tradicional, Africanidades, Ensino de geografia, Lei. 10.639/03.Resumo
O artigo aborda a relação entre o ensino de geografia e a efetivação do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica normatizada pela Lei. 10.639/03. A compreensão da geo-história em sua forma-essência promove a consciência espacial acerca das africanidades. Diante desse contexto, refletimos sobre nosso lugar, a saber, o município do Crato, que faz parte da região do Cariri cearense. O Crato é marcado por uma geo-historicidade singular em razão das influências dos povos africanos e seus descendentes, o que repercutiu num patrimônio cultural negro, como é o caso da feira livre e tradicional. Desse modo, objetivamos analisar a feira como espaço educativo das africanidades no ensino de geografia. Fundamentados no método da afrodescendência, realizamos a pesquisa bibliográfica e a prática de campo, esta ocorrida através dos percursos urbanos, nas ruas centrais da urbe cratense, onde a feira acontecia em meados do século XIX, e posteriormente no seu atual território. Tivemos como técnicas de coleta de dados, a iconografia, através dos registros fotográficos. Vislumbramos a feira como espaço educativo por excelência em relação ao conhecimento e reconhecimento das africanidades. A Lei. 10639/03, em especial no ensino de geografia tem no espaço da feira terreno de efetivação, enquanto ação de enfrentamento do racismo, de valorização da diversidade cultural, de alcance da identidade afrodescendente e de conhecimento/reconhecimento da história e cultura africana e sua afrodescendência.
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