Comunidades tradicionais de terreiro em Campos dos Goytacazes: territórios em conflito
Palavras-chave:
Geografia, Religiões afro-brasileiras, Território.Resumo
Nos últimos anos, as comunidades tradicionais de terreiro de Campos dos Goytacazes perceberam um aumento da violência nos casos de intolerância religiosa e uma mudança tanto do perfil dos agressores, quanto na natureza dos ataques. Objetivamos então investigar onde ocorreram esses ataques e descobrir quem seriam esses novos agentes agressores. Em 2017 conhecemos e passamos a interagir com uma organização da sociedade civil local chamada FRAB (Fórum Municipal de Religiões Afro-brasileiras), que e representa muito dos adeptos do Candomblé e Umbanda do município. Entrevistamos diretores do FRAB e seis vítimas de ataques a terreiros, o que nos possibilitou, junto ao levantamento bibliográfico e a pesquisa em veículos de comunicação virtuais, realizar uma análise sob uma perspectiva territorial dos dez casos mais graves, que foram os terreiros invadidos e fechados por grupos armados ligados ao tráfico de drogas. A partir de uma análise de conceitos como sagrado, e com o aporte teórico da Geografia da Religião, concluímos que nesses casos ocorreram conflitos territoriais, que levaram a um processo de desterritorialização, motivados por intolerância religiosa. Na maioria das entrevistas, alguns aspectos apontam para a existência de uma obscura e difusa influência em alguma escala, do discurso intolerante de alguns segmentos de igrejas evangélicas nas ações dos agressores, a exemplo do que ocorre na cidade do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.
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