Da unidade terrestre à totalidade capitalista: um ensaio crítico da geografia
Palavras-chave:
Unidade terrestre, totalidade, crítica, história do pensamento geográficoResumo
O presente artigo, escrito em forma de ensaio, visa discutir – a partir do cotejamento de geógrafos considerados clássicos e críticos – aspectos teóricos da geografia que a relacionam com o entendimento da totalidade. Diante da amplitude da discussão, recorremos também a alguns poucos autores de outras áreas do conhecimento no intuito de compreender a noção de totalidade na história do pensamento geográfico sob uma perspectiva crítica. Sem a pretensão de esgotar a temática e reconhecendo a profundidade das obras com as quais aqui dialogamos brevemente, o ensaio se constrói a partir de questões postas à geografia como relação homem-meio, sociedade-natureza, alcançando a crítica do desenvolvimento desigual e da globalização como horizonte de compreensão do mundo que vai da unidade terrestre à totalidade capitalista. As reflexões que constituem este ensaio perpassam momentos de legitimação da geografia como ciência à produção geográfica de padrões de interpretação do mundo. Nesse sentido, é possível refletir sobre a geografia enquanto ciência moderna e conferir-lhe historicidade como momento da práxis social abrangente que caracteriza a reprodução social sob o capitalismo. Sem desistir da geografia, todavia considerando aspectos que a transcendem como ciência parcelar, a discussão encontra elementos que permitem realizar a crítica à totalidade capitalista – fragmentada e contraditória – e ao papel da ciência geográfica na reprodução crítica do capital.
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