SITIANTES DO CAFÉ: FORMAÇÃO NEGATIVA DO TRABALHO FAMILIAR DE SITIANTES NUMA REGIÃO DA RETAGUARDA DA FRANJA PIONEIRA PAULISTA – ITÁPOLIS, 1920-1940
Palavras-chave:
cafeicultura, sitiantes, reprodução crítica do capitalResumo
Neste artigo, nosso principal objetivo foi o de compreender como foram gestadas a pequena propriedade e as relações de trabalho familiar de sitiantes no Oeste Paulista, na primeira metade do século XX. Para tanto, tomamos como área de estudo o município de Itápolis, localizado na porção centro-norte paulista, na retaguarda da franja pioneira descrita por Pierre Monbeig, e como recorte temporal a década de 1930. Para a realização da pesquisa, partimos de extensa revisão bibliográfica sobre a literatura relativa às relações de sociabilidade de sitiantes, dialogando com autores como Caio Prado Júnior, Nice Lecocq Muller e José de Souza Martins. Identificamos que, nesses autores, a formação da pequena propriedade e das relações familiares de sitiantes aparecem como fenômenos isentos de contradições, derivados do processo de reprodução ampliada do capital no campo. De forma distinta, dialogando com Karl Marx e fundamentados na perspectiva teórica crítica do valor, buscamos analisar tais fenômenos a partir da lógica contraditória da reprodução crítica do capital no campo. A pesquisa em jornais locais e nas publicações do Diário Oficial de São Paulo nos permitiu acessar aspectos negativos e críticos à esta realidade. Concluímos que a formação da pequena propriedade em São Paulo e das relações familiares de sitiantes, na retaguarda da franja pioneira, ao longo da década de 1930, se deu negativamente, gestadas pela crise da reprodução social capitalista.
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