ESPAÇO, REPRODUÇÃO SOCIAL E PRODUÇÃO DO COMUM
Palavras-chave:
Espaço, reprodução social, trabalho, conhecimento, comumResumo
Jovens, mulheres e, principalmente, populações marginalizadas têm desafiado as políticas neoliberais de privatização e fechamento de espaços públicos e comuns, muitas vezes, por meio da ocupação e gestão coletiva destes espaços. Elas manifestam-se especialmente contra as investidas do capital sobre a vida social cotidiana, que busca incessantemente lucro e renda. Para compreender a luta de classes em torno das formas vida, este artigo se propõe a discutir de uma perspectiva geográfica a maneira como o capital se estende sobre os espaços sociais de reprodução, familiares, educacionais, de saúde, etc. Para isto, retomo o conceito de espaço social, elaborado por Lefebvre para descrever o papel predominante da reprodução das relações sociais para a sobrevivência do capitalismo. Utilizo, entretanto, o conceito de espaço social em bases renovadas de produção e reprodução social, ou seja, em bases imateriais, externas, subjetivas, e por isso também mais aberta e comum, seguindo a elaboração de Hardt e Negri. Discuto, além disso, como as cidades e as metrópoles, enquanto meio de informação, comunicação e saber, tornam-se ao mesmo tempo repositórios e espaços do comum. Por isso, inclusive, a resistência e a ocupação dos espaços, públicos e privados, tem evoluído na maioria dos casos para a produção direta destes espaços comuns de vida coletiva, indo em muitos deles além da defesa do acesso e do direito à cidade.
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