PRODUÇÃO SIMBÓLICA DO ESPAÇO E ESTADO NO MUNDO DA VIDA DOS CABOCLOS EM MAJOR SALES/RN

Autores

Palavras-chave:

Malhação de Judas, Agir comunicativo, Jurgen Habermas.

Resumo

A “terra da cultura”! É assim que as acolhedoras 3.955 pessoas de Major Sales, no interior do Rio Grande do Norte, tem orgulho de se autodenominarem. Identidade cultural, mas, sobretudo identidade territorial reveladora da geograficidade local. Este estudo objetivou verificar as relações entre a institucionalização do festival de caboclos, a reprodução simbólica do espaço de Major Sales, RN, e a reconstrução de itinerários simbólicos e espaços materiais. Na geografia, levantamento de fontes em bases de dados, verificou uma lacuna no saber sobre o tema, com relevância para os textos de Freitas (2016), Nascimento, Araújo; Autor (2014), Nascimento; Autor (2017), Assis; Conceição; Autor (2016), Nascimento (2017) e Giop (2019). Expõe-se resultados de pesquisas entre 2017 e 2019, empregando o método habermasiano (HABERMAS, 2012) da disjunção entre o mundo da vida e o mundo do sistema, bem como o conflito entre a dimensão cultural e a dinâmica dos subsistemas mercado e política. Demonstra-se que as ações instrumentais da prefeitura municipal contribuíram para produzir uma imagem territorial associada à tradicional manifestação cultural da malhação de Judas que é, nos dias atuais, condição da própria sobrevivência dessa tradição.Neste cenário, a reprodução simbólica do espaço, expressa na construção e manutenção de identidade territorial, se associa à produção material do espaço, pelas ações instrumentais e estratégicas do Estado.

A “terra da cultura”! É assim que as acolhedoras 3.955 pessoas de Major Sales, no interior do Rio Grande do Norte, tem orgulho de se autodenominarem. Identidade cultural, mas, sobretudo identidade territorial reveladora da geograficidade local. Este estudo objetivou verificar as relações entre a institucionalização do festival de caboclos, a reprodução simbólica do espaço de Major Sales, RN, e a reconstrução de itinerários simbólicos e espaços materiais.Na geografia, levantamento de fontes em bases de dados, verificou uma lacuna no saber sobre o tema, com relevância para os textos de Freitas (2016), Nascimento, Araújo; Autor (2014), Nascimento; Autor (2017), Assis; Conceição; Autor (2016), Nascimento (2017) e Giop (2019). Expõe-se resultados de pesquisas entre 2017 e 2019, empregando o método habermasiano (HABERMAS, 2012) da disjunção entre o mundo da vida e o mundo do sistema, bem como o conflito entre a dimensão cultural e a dinâmica dos subsistemas mercado e política. Demonstra-se que as ações instrumentais da prefeitura municipal contribuíram para produzir uma imagem territorial associada à tradicional manifestação cultural da malhação de Judas que é, nos dias atuais, condição da própria sobrevivência dessa tradição.Neste cenário, a reprodução simbólica do espaço, expressa na construção e manutenção de identidade territorial, se associa à produção material do espaço, pelas ações instrumentais e estratégicas do Estado.

Biografia do Autor

Rosalvo Nobre Carneiro, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Doutor em Geografia

Professor Permanente do Mestrado em Ensino (PPGE/UERN)

Professor Permanente do Mestrado Profissional em Geografia (GEOPROF/UFRN)

Referências

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Publicado

2020-08-05

Como Citar

Carneiro, R. N. (2020). PRODUÇÃO SIMBÓLICA DO ESPAÇO E ESTADO NO MUNDO DA VIDA DOS CABOCLOS EM MAJOR SALES/RN. Boletim Paulista De Geografia, 1(102), 82–99. Recuperado de https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/1960