Cartografia Tátil: a mediação de conceitos para alunos cegos

Autores

  • Sílvia Elena Ventorini Departamento de Geografia, Universidade Federal de São João del-Rei
  • Patrícia Assis da Silva Departamento de Geografia, Universidade Federal de São João del-Rei

Palavras-chave:

Maquete tátil, mapas táteis, local vivido.

Resumo

Este artigo apresenta o uso da maquete para ensino de conceitos cartográficos para alunos cegos. A fundamentação teórica teve como base a perspectiva social cultural. A coleta de dados foi realizada com alunos cegos de duas escolas e em dois períodos distintos e com o objetivo de investigar como os alunos cegos organizam e representam os objetos no espaço vivido. A pesquisa foi realizada por meio de práticas pedagógicas, tendo como apoio as construções e explorações de maquetes e mapas táteis pelos educandos. Os resultados e análises apontam que os alunos cegos usam a distância funcional, organização configuracional, relações espaciais entre os objetos, como vizinhança, posição, localização, ordem, envolvimento, continuidade, simbologia, redução proporcional, integração, interligação, além de informações atributivas para expressar por meio de maquetes seus conhecimentos espaciais. Tais conhecimentos são importantes para mediar conceitos cartográficos como escala, orientação, legenda, representação tridimensional e representação bidimensional.

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Publicado

2018-07-07

Como Citar

Ventorini, S. E., & Silva, P. A. da. (2018). Cartografia Tátil: a mediação de conceitos para alunos cegos. Boletim Paulista De Geografia, 99, 124–141. Recuperado de https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/1471