Racializando o olhar sob um desastre capixaba em 1985

Autores

DOI:

https://doi.org/10.70685/tc.v1i3.3580

Palavras-chave:

Mudanças Climáticas, Moradia, Desastres Socioambientais, Justiça Climática

Resumo

Os desastres socioambientais são resultado da ocupação desordenada do território brasileiro, que por sua vez, é condição e produto da vulnerabilização de uma população que se aglomera em regiões reconhecidas como áreas de risco, contaminadas ou sujeitas a enchentes e deslizamentos. Nesse sentido, o enfrentamento às mudanças climáticas e às desigualdades raciais é algo que deve ser pensado de modo integrado, a fim de contemplar as dimensões das ameaças (fenômenos socioambientais) e vulnerabilidades (fenômenos sócio-históricos). Partindo da análise da trajetória da população negra no Brasil desde o período colonial, este trabalho tem como objetivo recontar a história de um desastre ocorrido em 1985 no Morro do Macaco, no Bairro Tabuazeiro, na cidade de Vitória, Espírito Santo. Como método, foi utilizado um levantamento bibliográfico e notícias em jornais impressos que noticiaram o desastre da década de 80, a fim de produzir um relato historiográfico sobre a produção de memória deste bairro. Neste contexto de ocupações irregulares que culminou no desastre ambiental devido às fortes chuvas daquele período, os resultados indicam que o processo de ocupação do Morro do Macaco foi negligenciado durante toda sua formação e evidenciado após o evento desastroso, tal como o suporte para a população desabrigada. Indicam também que, ao analisar os noticiários que relatam o desastre, há intenções de promover imaginários sobre a população através do título das matérias. O objetivo principal deste artigo é racializar o olhar sociológico sob este deslizamento e possibilitar a reflexão de outras memórias que humanizem este segmento populacional contido na região do bairro Tabuazeiro.

Biografia do Autor

Matheus De Souza, Universidade Federal do Espírito Santo

Graduando em Ciências Sociais Bacharelado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e bolsista do Laboratório de Pesquisas em Política Ambiental e Justiça (LAPAJ/UFES) pela FAPES, coordenado pela Drª Cristiana Losekann. Iniciou sua trajetória de pesquisa pelo Curso de Extensão de Enfrentamento às Mudanças Climáticas e ao Racismo Ambiental (2022), iniciativa inédita do Instituto de Referência Negra Peregum em parceria com a confluência IYALETA – Pesquisa, Ciência e Humanidades e o Centro Integrado de Direitos Humanos, programa de extensão da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrou (2023) o Grupo de Estudos e Pesquisa em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento no Espírito Santo – (GEPPEDES), coordenado pela Drª Aline Trigueiro. Multiartista, constrói narrativas transversais com seu território de origem, propondo assim sua primeira exposição na 13º BIENAL DA UNE (2022), com a fotografia "São Benedito" da série "O Congo". Posteriormente propôs outras duas instalações na UFES, "Construindo Novas Paisagens e Novos Desejos de Liberdade (2024)" e  "Como Matar Para Viver (2024)".

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Publicado

23-10-2024

Como Citar

De Souza, M. (2024). Racializando o olhar sob um desastre capixaba em 1985. Território E Cidadania, 1(3). https://doi.org/10.70685/tc.v1i3.3580